A guerra na Ucrânia continua tirando vidas de civis e voluntários ao redor do mundo. Um dos casos mais comoventes envolve o técnico de enfermagem Bruno de Paula Carvalho Fernandes, natural de Governador Valadares (MG), que morreu em uma emboscada na última segunda-feira (1º).
O ataque e os ferimentos fatais
O único sobrevivente do ataque, Victor Amorim, de 24 anos, relatou em detalhes os últimos momentos de Bruno. Segundo ele, o grupo de que faziam parte — composto por dois brasileiros e dois soldados ucranianos — foi atacado com bombardeios de morteiros e drones kamikaze.
“Foi uma emboscada. Começaram muitos bombardeios na nossa posição”, contou Victor. Bruno foi atingido por um tiro de raspão na cabeça e outro na perna.
Mesmo ferido, Victor tentou prestar os primeiros socorros. “Eu corri, coloquei bandagem nele e tentei parar o sangramento. Fiquei conversando com ele para ele não perder a consciência.”
Tentativa desesperada de salvar a vida
Victor aplicou um torniquete na perna, mas o ferimento na cabeça era irreversível. “Na cabeça era muito complicado parar o sangramento. Ele precisava de atendimento médico imediato.”
Ele relatou que viu o amigo começar a perder a consciência e falar “coisa com coisa” antes de falecer. A esposa de Bruno, Cecília Fernandes, foi informada de que o marido morreu por hemorragia.
Bruno voltou ao combate mesmo ferido
Além disso, Victor confirmou que Bruno havia sido ferido semanas antes e ficado internado em UTI. Mesmo assim, decidiu voltar à linha de frente. “Eu disse a ele que, se não estivesse seguro, não deveria ir…”, lamentou.
A esposa acredita que o marido foi pressionado a retornar à guerra. “Ele não queria deixar os companheiros, mas sofria com dores constantes.”
Mensagens de esperança antes da morte
Horas antes da missão fatal, Bruno enviou mensagens de áudio à esposa. Nessas gravações, ele dizia estar em paz e confiante de que voltaria. “Não é uma despedida. Jamais. É só uma mensagem de que daqui uns dias estarei de volta. Deus é conosco”, afirmou.
Legado de um herói anônimo
Bruno era técnico de enfermagem e trabalhou na linha de frente contra a Covid-19 em hospitais de Mantena e Governador Valadares. Deixou dois filhos pequenos: um menino de 5 anos e uma enteada de 6, que criava como filha.
Porém, a família ainda enfrenta incertezas. Até o momento, não há informações claras sobre como será feito o traslado do corpo para o Brasil.
Conclusão
Portanto, a morte de Bruno demonstra os riscos enfrentados por voluntários em zonas de conflito. Embora tenha lutado por uma causa alheia, ele representou valores universais: coragem, solidariedade e humanidade. A guerra na Ucrânia continua sendo um lembrete trágico do preço da liberdade.