A guerra na Ucrânia continua tirando vidas ao redor do mundo, e entre as vítimas está um brasileiro que deixou tudo para defender o país europeu. Bruno de Paula Carvalho Fernandes, de 29 anos, natural de Barra do São Francisco, no Espírito Santo, morreu em combate enquanto servia como voluntário no exército ucraniano.
Quem era Bruno Carvalho
Bruno vivia em Governador Valadares, Minas Gerais, há quatro anos. Ali, construiu uma família com sua companheira, Cecília Fernandes, com quem teve dois filhos. Além disso, ele era técnico de enfermagem e atuou na linha de frente durante a pandemia de Covid-19.
“Ele sempre foi muito dedicado. Trabalhava incansavelmente, mesmo nos dias de folga”, recorda um ex-colega de trabalho. Em Mantena, interior de Minas, Bruno se destacou por sua atuação intensa, realizando de cinco a oito transferências de pacientes diariamente. Além disso, reforçava o serviço do Samu em seus dias livres.
Um passo além: da enfermagem à guerra
Em 2022, Bruno foi contratado pelo Hospital Regional de Governador Valadares. No entanto, em maio daquele ano, decidiu deixar tudo para se alistar como voluntário na guerra na Ucrânia. Sua esposa soube da viagem apenas um dia antes da partida. A família tentou desencorajá-lo, mas ele conseguiu bancar a viagem com apoio financeiro obtido por meio das redes sociais.
Antes de partir, prometeu: “Vou fazer um bom dinheiro. Aí eu volto e você administra, vou fazer a festa das crianças de aniversário”. Contudo, essa promessa jamais se concretizou.
Família como motivação
Bruno era pai biológico de um menino de cinco anos e pai adotivo de uma menina de seis. A união entre ele e Cecília começou durante a gravidez da primeira filha. A menina, que o chamava de pai, era fruto de um relacionamento anterior, mas foi criada por Bruno desde o início.
- Pai dedicado e presente;
- Marido comprometido;
- Profissional empenhado na saúde pública;
- Voluntário em conflito internacional.
Um amigo que também está na Ucrânia afirmou: “Ele era um homem incrível, sempre feliz, falava muito da família”. Apesar de seu interesse por conflitos, poucos acreditavam que ele realmente partiria para a linha de frente.
Morte em combate
Bruno completou 29 anos em solo ucraniano, no dia 30 de junho. No dia seguinte, foi morto em uma emboscada na linha de frente. Estava em uma equipe composta por dois soldados ucranianos e dois brasileiros. Na emboscada, Bruno e os dois ucranianos morreram. O outro brasileiro sobreviveu, mas ficou internado.
Sua esposa foi informada por mensagem de texto, enviada por uma tradutora que chefiava sua equipe de voluntários. Um dia antes de sua morte, Bruno enviou áudios à família, demonstrando serenidade. Disse estar “preparado psicologicamente” e reafirmou seu amor pelos familiares: “Não é uma despedida. Jamais”.
O que acontece agora?
A família de Bruno aguarda o posicionamento oficial do governo ucraniano e do Itamaraty sobre o resgate e o repatriamento do corpo. No entanto, o local onde ele morreu é de difícil acesso, o que pode atrasar ou até inviabilizar a operação.
A guerra na Ucrânia já vitimou diversos brasileiros. O Itamaraty mantém alertas rigorosos contra o recrutamento de voluntários estrangeiros para atuar em conflitos armados no exterior. Mesmo assim, muitos jovens continuam seguindo para o leste europeu atraídos por promessas de renda e idealismo político.
Em conclusão, o caso de Bruno é mais do que uma tragédia pessoal — é um alerta sobre os riscos reais enfrentados por voluntários em zonas de conflito. A lembrança de sua dedicação à família e à profissão deve inspirar reflexões sérias sobre as escolhas que levam ao campo de batalha.