O relacionamento entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump tem passado por altos e baixos desde o início do governo do americano. A expressão “imperador do mundo” virou sinônimo de uma das críticas mais marcantes de Lula ao presidente norte-americano, em meio a uma série de declarações públicas tensas.
Relações tensas antes de qualquer aproximação
Desde o início de 2025, os dois líderes não se encontraram pessoalmente, apesar de os Estados Unidos e o Brasil manterem uma relação comercial e geopolítica de grande importância. No entanto, as declarações públicas de ambos revelam um clima de desconfiança e críticas.
Em abril, Trump anunciou tarifas de 10% sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil. A resposta de Lula foi imediata e contundente. O presidente brasileiro destacou que o país “não tolera ameaça à democracia, que não abre mão de sua soberania, que não bate continência para nenhuma outra bandeira que não seja a bandeira verde e amarela”.
Julho: o ápice das críticas
A escalada da tensão ocorreu em julho, quando Trump aumentou as tarifas para 50% sobre produtos brasileiros. Em resposta, Lula utilizou uma das frases mais fortes de sua retórica: “Não podemos deixar o Presidente Trump esquecer que ele foi eleito para governar os EUA. Ele não foi eleito para ser o imperador do mundo”.
Essa declaração gerou repercussão internacional, com a Casa Branca respondendo de forma direta. Segundo o governo americano, Trump “não está tentando ser o imperador do mundo. Ele é um presidente forte dos Estados Unidos da América e também é o líder do mundo livre”.
Agosto: primeiros sinais de abertura
Apesar da hostilidade, em agosto Trump admitiu pela primeira vez a possibilidade de conversar com Lula. “Ele (Lula) pode conversar comigo quando quiser”, declarou o presidente americano. No entanto, o tom crítico persistiu. Lula, por sua vez, deixou claro: “O dia que a minha intuição me disser que o Trump está disposto a conversar, eu não terei dúvida de ligar para ele. Mas hoje a minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”.
Além disso, o presidente brasileiro rebateu acusações de que o Brasil seria um mau parceiro comercial. “O Brasil é bom, só não vai andar de joelho para o governo americano”, afirmou em evento público.
Setembro: o discurso de desapontamento
Em setembro, Trump voltou a comentar a relação bilateral, dizendo estar “desapontado com o Brasil”. Ainda assim, manteve a retórica de apreço ao povo brasileiro. “Aplicamos tarifas muito altas por causa do que eles estão fazendo, algo muito lamentável. Eu amo o povo do Brasil”, disse.
Encontro na ONU: uma nova fase?
Na Assembleia Geral da ONU, em setembro de 2025, Lula voltou a criticar a política externa de Trump, sem citar o presidente diretamente. Ele denunciou “uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder, atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais”.
Porém, logo após, Trump fez um discurso com tom surpreendentemente positivo. Ao comentar o breve encontro com Lula, disse: “Ele pareceu um homem muito legal. Ele gostou de mim, e eu gostei dele. Tivemos uma excelente química”.
Trump, inclusive, revelou que os dois combinaram um encontro para a semana seguinte, o que pode indicar uma mudança de tom nas relações entre os dois países. Portanto, a reunião pode ser o primeiro passo de uma nova fase de diálogo, após meses de troca de críticas públicas.
Resumo das declarações mais marcantes
- Em abril, Lula defende soberania nacional diante de tarifas de 10% dos EUA.
- Em julho, Lula chama Trump de imperador do mundo após aumento de tarifas para 50%.
- Em agosto, Trump admite conversar com Lula, e o brasileiro afirma não se humilhar.
- Em setembro, Trump diz estar desapontado com o Brasil, e Lula critica unilateralismo internacional.
- Na ONU, Trump elogia o presidente brasileiro, sugerindo nova aproximação.
Em conclusão, a relação entre Lula e Trump evolui de forma complexa, alternando críticas, tensões e, agora, possíveis sinais de reconciliação. A expressão “imperador do mundo” resume o tom crítico de Lula, enquanto a recente aproximação na ONU pode abrir caminho para um novo capítulo nas relações entre Brasil e Estados Unidos.
