O debate sobre o imposto sobre super-ricos ganhou nova força na França, com Bernard Arnault, o homem mais rico do país e presidente do grupo LVMH, se posicionando de forma contundente contra a iniciativa. Em entrevista ao Sunday Times, o bilionário classificou a proposta como um “ataque à economia francesa” e criticou duramente o economista Gabriel Zucman, um dos principais formuladores do plano.
Proposta do imposto sobre super-ricos preocupa empresários
A medida em questão prevê a cobrança de um imposto sobre super-ricos com alíquota de 2% sobre fortunas avaliadas acima de 100 milhões de euros (cerca de R$ 629,1 milhões). O projeto tem impulsionado uma acalorada discussão política, especialmente após o primeiro-ministro Sébastien Lecornu enfrentar pressão do Partido Socialista para incluir o tributo no orçamento de 2026. No entanto, isso pode colocar em risco a estabilidade do governo, uma vez que o parlamento pode convocar um voto de confiança.
Arnault rejeita proposta e ataca economista
Bernard Arnault não poupou críticas ao se pronunciar sobre o imposto sobre super-ricos. Ele afirmou que a iniciativa não se baseia em fundamentos técnicos ou econômicos, mas sim em uma “vontade clara de destruir a economia francesa”. Além disso, denominou Gabriel Zucman de “ideólogo de extrema esquerda”, acusando-o de usar “competência pseudoacadêmica” para promover uma ideologia que, segundo Arnault, visa desmantelar o sistema econômico liberal.
Portanto, o bilionário defendeu o modelo capitalista como “o único que funciona para o bem de todos”. Essa declaração reforça a posição contrária de setores empresariais ao imposto sobre super-ricos, que tem sido visto por muitos como uma ameaça ao investimento e à competitividade do país.
Zucman rebate acusações e defende proposta
Em resposta às críticas, Gabriel Zucman, professor da École Normale Supérieure na França e da Universidade da Califórnia em Berkeley, negou ser um ativista político. Ele declarou no X (antigo Twitter) que seu trabalho se baseia em dados e pesquisa, e não em ideologia. Além disso, Zucman destacou que os ultrarricos pagam proporcionalmente menos impostos em comparação com outros grupos da população — uma desigualdade que o imposto sobre super-ricos busca corrigir.
Opinião pública apoia tributação
Apesar da resistência de empresários e bilionários, a população francesa demonstra forte apoio ao imposto sobre super-ricos. Uma pesquisa realizada pelo instituto Ifop, encomendada pelo Partido Socialista, apontou que 86% dos entrevistados aprovam a proposta. Esse dado revela uma crescente demanda popular por maior justiça fiscal e redistribuição de renda no país.
Balanço entre justiça social e crescimento econômico
Assim, o debate em torno do imposto sobre super-ricos ilustra o dilema enfrentado por muitos países desenvolvidos: como conciliar a necessidade de justiça social com a manutenção de um ambiente favorável aos negócios. Enquanto defensores do tributo argumentam que ele ajudará a financiar políticas públicas essenciais, críticos como Bernard Arnault temem que ele afugente investidores e prejudique o crescimento econômico.
Em conclusão, o futuro da proposta ainda é incerto. No entanto, o tema certamente permanecerá em evidência nos próximos meses, à medida que o governo francês tenta equilibrar pressões políticas e econômicas em um cenário cada vez mais polarizado.
