A intervenção cambial na Argentina anunciada pelo governo de Javier Milei surpreendeu o mercado internacional. Apesar de seu compromisso com o liberalismo econômico, o presidente argentino decidiu retomar medidas estatais para conter a desvalorização do peso e garantir reservas em dólar.
O contexto da decisão
Javier Milei chegou ao poder em 2023 prometendo uma reforma radical na economia argentina. Sua agenda incluía a dolarização da moeda, o fechamento do Banco Central e profundos cortes no Estado. No entanto, a realidade econômica do país exigiu uma mudança de rumo.
Em abril, o governo comemorou o fim do “cepo” — sistema que limitava a compra de dólares pelos cidadãos. Embora a medida tenha sido bem recebida por defensores do livre mercado, a consequência foi o agravamento da desvalorização do peso. Portanto, a intervenção cambial na Argentina tornou-se uma alternativa emergencial.
Por que o governo decidiu intervir novamente?
- Desvalorização do peso e pressão inflacionária: A desvalorização excessiva da moeda local encarece as importações e alimenta a inflação. Milei enfrenta dificuldades para acumular reservas em dólar, essenciais para pagar dívidas externas.
- Escândalo de corrupção envolvendo Karina Milei: Acusações contra a irmã do presidente minaram a confiança dos investidores. Escândalos políticos desestimulam o retorno de capital estrangeiro, o que agrava a pressão sobre o câmbio.
- Tensão eleitoral iminente: Com as eleições provinciais marcadas para o próximo domingo (7), o cenário político se torna ainda mais instável. A popularidade de Milei caiu para 41%, o que fragiliza sua capacidade de aprovar reformas.
Reações do mercado
Economistas ouvidos pelo g1 alertam que a intervenção cambial na Argentina pode gerar novos riscos à confiança dos investidores. Carlos Henrique, diretor da Frente Corretora, afirma que a medida representa uma “mudança drástica” na política econômica do governo.
Além disso, ao assumir um papel de controle cambial, o governo abandona temporariamente o princípio do livre mercado. Portanto, essa intervenção pode comprometer a credibilidade internacional do presidente liberal.
Quais as perspectivas?
Diante da combinação entre crise econômica, pressão política e desgaste institucional, a intervenção cambial na Argentina parece ser apenas uma solução de curto prazo. A médio prazo, o governo precisa resolver a crise fiscal e reerguer a confiança dos agentes econômicos.
Em conclusão, a decisão de Milei demonstra que, mesmo com uma agenda ultraliberal, o contexto exige equilíbrio entre ideologia e realidade econômica. A intervenção cambial na Argentina reflete essa tensão e sinaliza um momento crítico para o futuro da economia local.