O investimento chinês no Brasil atingiu um marco histórico em 2024, posicionando o país como o terceiro maior destino global desse tipo de capital e o principal fora da Europa. Segundo dados do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), os fluxos de recursos chineses alcançaram US$ 4,2 bilhões, dobrando os valores registrados em 2023.
Expansão em diversos setores
Esse aumento expressivo se deve à diversificação dos projetos financiados por empresas chinesas. Além dos tradicionais setores de energia e infraestrutura, agora estão em expansão iniciativas ligadas a carros elétricos, tecnologia e logística. Essa mudança demonstra uma nova etapa nas relações econômicas entre os dois países.
Além disso, empresas como Meituan e Didi, gigantes da tecnologia chinesa, ingressaram no mercado brasileiro de entregas, ampliando a presença do país asiático em segmentos emergentes. Portanto, o investimento chinês no Brasil não se limita mais a grandes projetos isolados — ele está se integrando a cadeias produtivas locais de forma mais horizontal.
Reuniões diplomáticas impulsionam parcerias
O fortalecimento político entre o Brasil e a China também contribuiu para esse cenário favorável. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder chinês Xi Jinping se encontraram duas vezes no último ano, sinalizando apoio mútuo em diversos setores estratégicos. No entanto, especialistas alertam que nem todos os investimentos são igualmente benéficos à economia local.
Uallace Moreira, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), destacou que muitas fábricas chinesas ainda importam componentes da China para montagem no Brasil. Essa prática limita a geração de empregos e a integração com fornecedores locais.
Desafios e riscos no ambiente de negócios
Apesar do crescimento dos fluxos de capital, empresas chinesas enfrentam barreiras significativas no país. Por exemplo, o sistema tributário brasileiro é complexo, as leis trabalhistas são rigorosas e os custos operacionais podem ser elevados. Em alguns casos, esses fatores geram desentendimentos legais.
- Sistema tributário complexo;
- Leis trabalhistas rigorosas;
- Custos logísticos elevados;
- Diferenças culturais e jurídicas.
Um caso emblemático foi a investigação contra a montadora BYD em 2024, após a identificação de possíveis irregularidades trabalhistas em uma fábrica em construção. Embora a empresa tenha negado qualquer irregularidade, o episódio revela a necessidade de maior fiscalização e adaptação às normas locais. Assim, a integração plena do investimento chinês no Brasil depende de ajustes estruturais importantes.
EUA continuam na liderança
Mesmo com o avanço chinês, os Estados Unidos permanecem a principal fonte de investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil. Em 2024, os EUA injetaram US$ 8,5 bilhões no país. No entanto, o crescimento do capital chinês mostra que o cenário está em transformação, com novos players ganhando força.
Tulio Cariello, autor do estudo do CEBC, explica que o recuo dos investimentos chineses nos EUA — devido à guerra comercial iniciada por Donald Trump — impulsionou a busca por novos mercados. O Brasil, por sua estabilidade econômica e vasto potencial, tornou-se um destino estratégico.
Conclusão: um novo ciclo de parcerias
Em conclusão, o investimento chinês no Brasil demonstra um novo ciclo de cooperação econômica entre os países. Portanto, é essencial que o governo brasileiro continue incentivando parcerias produtivas e sustentáveis, ao mesmo tempo em que fortalece a fiscalização e a transparência nos negócios. Somente assim o país poderá usufruir plenamente dos benefícios desse capital externo.