A Justiça argentina determinou, nesta segunda-feira (1º), a proibição da divulgação de áudios atribuídos a Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei. Segundo o governo, as gravações teriam sido feitas ilegalmente dentro da Casa Rosada, sede do Executivo, e caracterizariam uma “operação de inteligência ilegal”.
Detalhes da decisão judicial
O pedido partiu diretamente do Executivo e visa suspender a circulação dos áudios por qualquer meio de comunicação. O conteúdo divulgado na sexta-feira (29) mostra Karina Milei dizendo: “Não podemos entrar na briga entre nós. Nós precisamos estar unidos”. Contudo, os demais 50 minutos da gravação permanecem sob sigilo.
Além disso, o porta-voz do governo, Manuel Adorni, confirmou que a presidente da Câmara foi alvo de gravação clandestina em ambiente oficial. Portanto, a ordem judicial busca preservar a integridade das investigações em andamento.
Contexto do escândalo
Este episódio se soma à divulgação de outros áudios, no dia 19 de agosto, nos quais Diego Spagnuolo, ex-chefe da agência de Deficiência (Andis), acusava Karina Milei de receber 3% dos contratos de medicamentos destinados à população com deficiência. Segundo Spagnuolo, ele teria comunicado Javier Milei sobre o esquema antes de ser demitido.
Essas revelações geraram uma onda de reações institucionais. Mais de 20 mandados de busca e apreensão foram expedidos após as denúncias, incluindo a apreensão de equipamentos do canal de streaming Carnaval Stream, responsável pela divulgação dos áudios.
Acusações de corrupção
Spagnuolo detalhou um suposto esquema de corrupção na Andis, no qual empresas farmacêuticas pagavam propina de até 8% sobre o faturamento para garantir contratos com o governo. O valor mensal giraria em torno de US$ 800 mil (aproximadamente R$ 4,3 milhões).
- Karina Milei teria recebido a maior parte da propina, entre 3% e 4% do total.
- Eduardo “Lule” Menem, subsecretário de gestão institucional, é apontado como operador-chave do esquema.
- Empresários ligados à distribuidora Suizo Argentina teriam participado ativamente do esquema.
Além disso, Spagnuolo alega que houve uma “repartição” de contratos entre os envolvidos. Em tom irônico, ele também criticou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, por ter usado uma radiografia de cachorro para acusar fraudes no governo anterior.
Reação do governo
Diante das acusações, o presidente Javier Milei negou qualquer irregularidade e afirmou: “Tudo o que ele [Spagnuolo] diz é mentira, vamos levar à Justiça e provar que ele mentiu”. A declaração foi feita durante um ato de campanha em que manifestantes atiraram pedras contra sua comitiva.
Por sua vez, Karina Milei ainda não se manifestou publicamente sobre o caso. No entanto, o Ministério da Segurança já solicitou à Justiça autorização para investigar jornalistas e plataformas de streaming envolvidas na publicação dos áudios.
Em conclusão, o caso expõe uma crise institucional que ameaça a estabilidade do governo Milei em um momento crucial, com eleições importantes se aproximando. A população argentina acompanha de perto os desdobramentos dessa crise, que pode ter consequências políticas de grande impacto.