O mundo da arquitetura e da conservação ambiental perdeu uma figura de grande relevância com a morte do arquiteto Kongjian Yu em um trágico acidente aéreo no Pantanal. A tragédia ocorreu em 23 de setembro, após o avião em que ele viajava ter caído e explodido ao lado da pista da Fazenda Barra Mansa, em Mato Grosso do Sul. Minha jornada está apenas começando, foram as últimas palavras gravadas por Yu, um dia antes do acidente.
Quem foi Kongjian Yu
Kongjian Yu era um dos arquitetos mais influentes do mundo, conhecido por desenvolver o conceito de “cidades-esponja” – um modelo de urbanismo sustentável baseado na valorização de ecossistemas naturais como áreas de absorção de água. Sua abordagem inovadora influenciou políticas públicas de urbanismo na China e em outros países. Além disso, Yu tinha profundo respeito por áreas úmidas, que chamava de “sistemas naturais esponjosos”, e considerava essenciais para a manutenção do ciclo da água e da biodiversidade global.
Último vídeo e conexão com o Pantanal
Na segunda-feira (22), um dia antes da queda do avião, Kongjian Yu publicou um vídeo emocionante em suas redes sociais, no aplicativo WeChat, muito popular na China. Na gravação, o arquiteto aparece acompanhando uma comitiva de gado no Pantanal, registrando de perto a paisagem e a cultura local. Ele chamou o bioma de “último Jardim do Éden da Terra” e destacou sua importância ecológica. “O Pantanal, essa área úmida conhecida como ‘Pulmão da Terra’, não é apenas o coração das Américas, mas também um reservatório vital de água e vida para toda a humanidade”, afirmou durante o registro.
Documentário e missão ambiental
Yu, juntamente com os cineastas brasileiros Luiz Fernando Ferraz e Rubens Crispim Jr., estava no Pantanal para a produção de um documentário. O objetivo era explorar as áreas úmidas, a biodiversidade local e relacionar o conceito de “cidades-esponja” com a realidade brasileira. Além de registrar a comitiva tradicional de gado, o grupo buscava mostrar a importância estratégica do Pantanal como um dos maiores ecossistemas de água doce do planeta. No entanto, o voo que deveria dar continuidade às gravações terminou em tragédia.
Detalhes do acidente aéreo
A aeronave, um Cessna 206, decolou de Campo Grande e fazia um voo irregular sem autorização para transporte de passageiros. Segundo informações da Polícia Civil, por meio do Dracco, e do Cenipa, a aeronave pousou fora do horário permitido, após o pôr do sol, e em uma pista que só podia ser utilizada até as 17h39. O acidente ocorreu por volta das 18h30, quando o avião arremeteu durante a tentativa de pouso e caiu a cerca de 100 metros da pista. Testemunhas relataram ter visto o avião desaparecer e, em seguida, o local começar a emitir fumaça. As quatro pessoas a bordo, incluindo o piloto Marcelo Pereira de Barros, morreram carbonizadas.
Legado de Kongjian Yu
Mesmo em sua última missão, Kongjian Yu demonstrou um profundo compromisso com a natureza e com o futuro sustentável da humanidade. Na gravação, ele disse: “Minha jornada de exploração está apenas começando. A água daqui, a vida daqui e as escolhas humanas daqui irão nos revelar uma questão urgente: quando até os últimos paraísos naturais estão desaparecendo, de onde mais a humanidade poderá tirar esperança para sobreviver?”
Portanto, o acidente não apenas ceifou a vida de um dos maiores arquitetos do mundo, como também interrompeu uma missão de conscientização e valorização de um dos biomas mais importantes do planeta. Seu legado, no entanto, segue vivo em seus projetos, ideias e nas palavras que ecoam como um alerta urgente sobre a preservação ambiental.
Confira os principais pontos sobre Kongjian Yu
- Principal criador do conceito de “cidades-esponja”
- Defensor de áreas úmidas como sistemas esponjosos naturais
- Estava no Pantanal para a produção de um documentário ambiental
- Registrado no último vídeo como “um Jardim do Éden da Terra”
- Seu último registro traz uma mensagem de esperança e urgência ambiental
Em memória, Kongjian Yu representa a união entre arquitetura e natureza, um exemplo de como o design urbano pode e deve respeitar os limites ecológicos. O mundo perdeu um visionário, e o Brasil perdeu um parceiro na luta pela preservação de um patrimônio ambiental de valor global.