A diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, tornou-se figura central em um dos episódios mais polêmicos da política econômica dos Estados Unidos. Pressionada pelo presidente Donald Trump, que tenta demiti-la sob acusações de fraude fiscal, Cook conta com o apoio de quase 600 economistas de destaque mundial.
Carta aberta em defesa da independência do Fed
Na última terça-feira (2), uma carta aberta foi divulgada com o intuito de defender a autonomia do banco central norte-americano. O documento, assinado por economistas renomados — entre eles os Nobel de Economia Claudia Goldin e Paul Romer — destaca a importância da independência do Fed frente a pressões políticas.
Além disso, a carta reforça que “um vasto conjunto de pesquisas confirma que países com bancos centrais mais independentes alcançam melhores resultados econômicos”. A iniciativa, portanto, visa assegurar que a política monetária permaneça alinhada ao interesse público, e não a interesses partidários.
Trump acusa Lisa Cook de fraude hipotecária
Na semana anterior, Trump anunciou publicamente a intenção de demitir Lisa Cook, baseando-se em um dispositivo legal que permite a remoção de membros do Fed “por justa causa”. Segundo o presidente, a diretora teria cometido fraude ao declarar duas residências como principais para obter condições vantajosas em financiamentos imobiliários.
No entanto, a própria legislação do Fed estabelece que o presidente dos EUA não pode demitir membros do Conselho sem comprovar uma falta grave. Em nota oficial, o Fed deixou claro que Lisa Cook continua no cargo até que o Judiciário se manifeste.
Reação da comunidade econômica internacional
Diante das tentativas de remoção, economistas de peso, como Christina Romer — ex-presidente do Conselho de Assessores Econômicos de Barack Obama — e Trevon Logan, professor da Universidade Estadual de Ohio, manifestaram apoio à diretora. Eles destacam que as alegações de Trump carecem de provas e são motivadas por interesses políticos.
- Claudia Goldin (Nobel de Economia)
- Paul Romer (Nobel de Economia)
- Christina Romer (ex-assessora de Obama)
- Trevon Logan (colaborador de pesquisas com Cook)
Portanto, o documento reforça que a legislação do Fed prevê um critério rigoroso para proteger a autonomia da instituição. Além disso, a carta afirma que “essa proteção não é apenas uma formalidade legal, mas um mecanismo prático para evitar que a política monetária seja usada em benefício político imediato”.
Lisa Cook entra com ação judicial contra Trump
Em resposta às ações do presidente, Lisa Cook entrou com uma ação na Justiça dos EUA. Na petição, ela acusa Trump de violar as regras do banco central e solicita uma ordem judicial para impedir sua remoção do cargo.
A diretora tem se posicionado de forma pública e profissional sobre temas essenciais ao mandato do Fed, como estabilidade financeira e controle da inflação. Essa postura ameaça o princípio fundamental da independência do banco central e enfraquece a confiança em uma das instituições mais importantes dos Estados Unidos, conclui a carta aberta.
Em conclusão, o caso de Lisa Cook vai além de uma disputa individual. Trata-se de uma batalha pela preservação da autonomia institucional e da credibilidade do sistema econômico americano.