Maduro acusa EUA de planejar mudança de regime e anuncia preparação para luta armada

Maduro acusa EUA de planejar mudança de regime na Venezuela e ameaça luta armada caso haja intervenção externa.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta segunda-feira (1º) que os Estados Unidos estão por trás de uma conspiração para derrubar seu governo. Segundo ele, o governo americano já teria prometido entregar o poder a opositores venezuelanos, em um cenário que intensifica a tensão política na região.

Acusações de Maduro durante entrevista coletiva

Durante uma rara entrevista coletiva em Caracas, que durou mais de duas horas, Maduro revelou detalhes de supostas ações dos EUA na Venezuela. Ele declarou, sem apresentar provas, que embarcações norte-americanas com 1.200 mísseis estariam navegando em direção ao país sul-americano.



Além disso, o presidente venezuelano alegou que o secretário de Estado americano, Marco Rubio, participou de uma videoconferência com membros da oposição no sábado (30). Segundo Maduro, a reunião teria ocorrido um dia após Rubio visitar o Comando Sul dos EUA, responsável por operações de defesa no Caribe, América Central e do Sul.

“O que me contam as pessoas que viram e ouviram isso, e que gravaram, é que Marco Rubio lhes assegurou que fariam a mudança de regime, e o velhinho e a Sayona formariam o governo no país”, declarou o presidente.

Nesse contexto, “velhinho” é uma referência a Edmundo González, candidato à presidência em 2024 e reconhecido como presidente eleito pelos EUA, enquanto “Sayona” é como Maduro chama a líder da oposição, María Corina Machado. Atualmente, ambos estão foragidos da justiça venezuelana e vivem escondidos ou em exílio.



Reações da oposição e da comunidade internacional

A assessoria de María Corina Machado se recusou a comentar as declarações de Maduro quando questionada pelo g1. No entanto, a comunidade internacional continua a acompanhar de perto o crescente conflito entre o regime venezuelano e os Estados Unidos.

Maduro também resgatou eventos passados, lembrando que os EUA tentaram derrubar seu governo em 2019, quando Juan Guaidó se declarou presidente interino. No entanto, ele garantiu que, desta vez, os norte-americanos também não terão sucesso.

“Estamos unidos, estamos vitoriosos, e na Venezuela vai prevalecer a paz com desenvolvimento, com justiça, com igualdade e com um plano sólido para seguir avançando”, enfatizou.

Ameaça de luta armada e mobilização militar

Um dos momentos mais tensos da entrevista ocorreu quando Maduro declarou que o país entraria em luta armada caso os EUA o atacassem. Ele classificou o envio de embarcações norte-americanas para o Caribe como “a maior ameaça à América Latina do último século”.

“Se a Venezuela for atacada, passaria imediatamente ao período de luta armada em defesa do território nacional, da história e do povo venezuelano”, afirmou.

De acordo com informações disponíveis, os EUA enviaram ao menos sete navios para o sul do Caribe, incluindo um esquadrão anfíbio, 4.500 militares e um submarino nuclear. Aviões de vigilância P-8 também sobrevoaram a região em águas internacionais.

A justificativa apresentada pelos EUA para essa operação se baseia na acusação de que Maduro lidera o suposto Cartel de los Soles, considerado uma organização terrorista pelo governo americano. Os Estados Unidos classificam o presidente venezuelano como um fugitivo da Justiça e oferecem recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à sua captura.

Posicionamento da Casa Branca

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, evitou comentar detalhes da operação militar, mas reafirmou que o governo Trump utilizará “toda a força” contra Maduro. Segundo o site Axios, o ex-presidente norte-americano teria solicitado um “menu de opções” sobre a Venezuela, o que indica que autoridades não descartam uma intervenção mais direta no futuro.

Enquanto isso, o governo venezuelano intensifica a mobilização de militares e milicianos para se preparar contra uma possível invasão. A situação permanece instável, com a população venezuelana dividida entre o apoio ao governo e o receio de um conflito armado.

Conclusão

As declarações de Maduro refletem o clima de desconfiança e hostilidade entre a Venezuela e os Estados Unidos. Diante da escalada dos acontecimentos, a comunidade internacional acompanha com atenção os próximos passos de ambos os lados. A tensão geopolítica na região pode ter consequências significativas, especialmente se as acusações e ameaças se concretizarem em ações concretas.