A Organização das Nações Unidas (ONU) autorizou a participação por videoconferência do presidente palestino, Mahmoud Abbas, na Assembleia Geral de 2024, apesar do veto imposto pelos Estados Unidos, que revogaram vistos para líderes palestinos. A decisão ocorreu na sexta-feira (19), pouco antes do início do evento em Nova York.
Autorização da presença de Mahmoud Abbas na ONU
Após intensa negociação, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que permite que Mahmoud Abbas participe do evento por meio de videoconferência. A medida foi apoiada por 145 países. Apenas cinco votaram contra, entre eles os Estados Unidos e Israel, enquanto seis se abstiveram.
Essa decisão demonstra o apoio internacional à inclusão da voz palestina em debates globais, especialmente em momentos de tensão no Oriente Médio. Além disso, reforça o caráter multilateral da ONU e sua independência frente a pressões unilaterais.
Reação dos EUA e revogação de vistos
No fim de agosto, o Departamento de Estado dos EUA revogou os vistos de entrada para membros da Autoridade Palestina e da Organização para a Liberação da Palestina (OLP). Entre os afetados, estavam Mahmoud Abbas e mais de 80 representantes institucionais.
O governo norte-americano justificou a medida com acusações de ligação com “terrorismo” e descumprimento de compromissos com o processo de paz no Oriente Médio. No entanto, muitos analistas criticaram a ação como politicamente motivada e contrária ao espírito da diplomacia internacional.
Contexto político da Autoridade Palestina
A Autoridade Palestina, criada para administrar os territórios palestinos, exerce controle limitado apenas sobre partes da Cisjordânia. A Faixa de Gaza, por sua vez, encontra-se sob o controle do grupo Hamas desde 2006. Apesar das divisões internas, a OLP — liderada por Abbas — continua sendo reconhecida internacionalmente como representante legítimo do povo palestino.
- Mahmoud Abbas é presidente da Autoridade Nacional Palestina desde 2005;
- A OLP é adversária política do Hamas;
- Autoridade Palestina tem status de observador na ONU desde 2012.
Repercussão internacional e o caso do Brasil
Além do impasse envolvendo Mahmoud Abbas na ONU, outros países enfrentaram dificuldades com a concessão de vistos para o evento. O Brasil, por exemplo, relatou atrasos no processo de visto para sua delegação.
No entanto, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro negou qualquer relação com pressões políticas. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, conseguiu seu visto na mesma sexta-feira em que a autorização para Abbas foi aprovada.
Esses episódios destacam a influência crescente da política externa dos EUA sobre eventos multilaterais, bem como a necessidade de mecanismos alternativos de participação, como a videoconferência.
Discurso de Mahmoud Abbas na Assembleia Geral
Durante sua fala na 79ª Assembleia Geral da ONU, Mahmoud Abbas reiterou o pedido por um cessar-fogo imediato em Gaza e defendeu uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino.
“O mundo não pode mais ficar de braços cruzados diante da destruição da Palestina. Chegou a hora de agir com coragem e justiça,” declarou Abbas.
Portanto, a participação de Mahmoud Abbas na ONU, mesmo que remota, marcou um momento crucial na diplomacia internacional. A Assembleia Geral, que reúne líderes de 193 países, continua sendo um espaço essencial para debates sobre paz e direitos humanos.
