Motoristas com Antecedente Criminal na Uber: Como o Brasil Pode Evitar Repetir Erros dos EUA

Descubra como a Uber permitiu motoristas com antecedente criminal violento nos EUA e quais lições o Brasil pode aprender para evitar crises semelhantes.

Investigação Revela Falhas Graves na Uber sobre Motoristas com Antecedente Criminal

O New York Times divulgou uma investigação detalhada que expõe graves falhas de segurança na Uber nos Estados Unidos, relacionadas à contratação de motoristas com antecedente criminal violento. Segundo o jornal, a empresa permitiu que condutores com histórico de crimes como abuso sexual, agressão e stalking entrassem em sua plataforma, mesmo após condenações ocorridas há mais de sete anos.

Como a Uber Verificava Antecedentes Criminais?

A reportagem revela que a empresa adotava critérios limitados para as verificações. Em 35 estados norte-americanos, a Uber analisava apenas os crimes cometidos nas regiões onde o motorista residia nos últimos sete anos, ignorando condenações anteriores em outras jurisdições. Além disso, documentos internos de 2015 mostram que a empresa priorizou recursos como rastreamento por GPS em vez de investir em verificações criminais mais rigorosas.



Consequências Reais para Passageiros

Essa laxidão teve impactos alarmantes. O New York Times identificou ao menos seis casos de motoristas com antecedentes violentos que foram acusados novamente de crimes sexuais após operarem na plataforma. Entre 2017 e 2022, dados internos da Uber indicam que houve uma denúncia por agressão sexual ou conduta imprópria a cada oito minutos nos EUA. No entanto, a empresa argumenta que 75% dessas ocorrências envolviam flertes ou comentários inofensivos e que 99,9% das viagens ocorreram sem incidentes.

Resposta da Uber: Reabilitação vs. Segurança

Hannah Nilles, chefe de segurança da Uber para as Américas, defendeu a política da empresa, afirmando que limitar a exclusão vitalícia para crimes antigos é um equilíbrio entre reabilitação e segurança. No entanto, críticos questionam se essa abordagem coloca passageiros em risco. “Uma exclusão vitalícia para cada delito criminal impediria injustamente as pessoas de encontrarem emprego muito tempo depois de cumprirem suas penas”, disse Nilles em comunicado.

O Papel do Marketing na Priorização de Custos

Documentos obtidos pelo jornal revelam que a Uber priorizou a agilidade na contratação de motoristas para manter custos operacionais baixos. Uma troca de e-mails de 2018 entre Jill Hazelbaker (chefe de marketing) e Brooke Anderson (comunicadora de segurança) mostra que a equipe reconhecia falhas no sistema, mas optou por uma abordagem de “mínimo necessário” para evitar lentidão no crescimento da frota.



O Que o Brasil Pode Aprender com Essa Crise?

Para evitar repetir erros semelhantes, é essencial que plataformas como a Uber implementem verificações criminais mais abrangentes e atualizadas. Além disso, reguladores devem exigir transparência nas políticas de segurança e garantir que critérios para contratação incluam histórico completo do motorista, independentemente do tempo decorrido desde a condenação. Motoristas com antecedente criminal violento devem ser vetados permanentemente, priorizando a proteção da sociedade.