A Europa intensifica esforços para enfrentar uma crescente ameaça de ataques com drones, especialmente vindos do leste. Diante de incidentes recentes no Mar Báltico, a Otan anunciou reforço na vigilância, enquanto líderes europeus discutem a criação de um muro de drones como resposta estratégica a essa nova realidade de segurança.
Incidentes no Mar Báltico aceleram decisões de defesa
Após novos incidentes com drones na Dinamarca, a Otan reforçará a vigilância na região do Mar Báltico com novos recursos, incluindo plataformas de inteligência, vigilância e reconhecimento, além de ao menos uma fragata de defesa aérea. O anúncio foi feito no sábado (27) por meio de comunicado à Reuters, sem detalhar quais países estão fornecendo os recursos.
Além disso, a aliança ativa a missão “Sentinela do Báltico”, iniciada em janeiro para proteger infraestruturas críticas submersas, como cabos de energia e gasodutos, danificados em recentes ataques. Portanto, a presença de novos meios de monitoramento representa uma resposta direta e imediata à instabilidade na região.
Missão Sentinela do Leste reforça defesa aérea na fronteira oriental
Paralelamente, a Otan lançou a missão “Sentinela do Leste” para proteger a fronteira oriental da Europa, após incursões de drones russos no espaço aéreo polonês. No entanto, a aliança reconhece que combater drones é mais complexo do que interceptar mísseis ou aeronaves tradicionais. Isso se deve à natureza de baixo custo e alta eficiência desses equipamentos, que sobrecarregam sistemas de defesa convencionais.
A Rússia nega estar por trás dos ataques recentes. Em declaração à ONU, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, negou envolvimento e ameaçou retaliar qualquer acusação de agressão. No entanto, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirma que a Rússia testa a defesa da Europa para abrir uma nova frente de conflito. “Putin não vai esperar para terminar sua guerra na Ucrânia, ele vai abrir uma nova frente”, alertou.
União Europeia debate criação de um muro de drones
Diante desse cenário de crescente tensão, a União Europeia considera a construção de um muro de drones como uma prioridade de segurança. Ministros da Defesa de países do leste europeu já concordaram com a necessidade de tal sistema, que visa detectar e interceptar drones de forma eficaz. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a Europa “deve atender ao chamado de nossos amigos bálticos e construir uma muralha de drones”.
Além disso, a UE reservará 6 bilhões de euros (US$ 7 bilhões) para a criação de uma aliança de drones com a Ucrânia. As forças ucranianas utilizam esses equipamentos para causar cerca de dois terços de todas as perdas de material militar sofridas pelas tropas russas. Ainda assim, a implementação desse muro de drones enfrenta desafios, entre eles a escassez de soluções em larga escala, a complexidade de financiamento e o tempo de desenvolvimento.
Desafios e inovações no combate a drones
Segundo o tenente-geral Andrus Merilo, comandante das Forças Armadas da Estônia, a criação de um escudo antidrones ainda é um processo lento e caro. A Ucrânia, no entanto, desenvolveu rapidamente sua própria tecnologia, incluindo modelos menores para uso de frente e drones de longo alcance. Esse modelo de desenvolvimento acelerado, que leva semanas de inovação até a aplicação em campo de batalha, é uma lição de agilidade para a Europa.
Enquanto isso, países como Letônia e Lituânia apostam em empresas menores para adquirir mísseis de defesa contra drones. Ainda assim, a abordagem fragmentada não é ideal. A União Europeia precisa investir mais em startups locais, capazes de acelerar a produção de soluções interoperáveis entre os sistemas de armas da Otan.
Conclusão: a corrida pela segurança aérea europeia
O avanço de tecnologias de drones na guerra entre Ucrânia e Rússia revela a vulnerabilidade de sistemas de defesa tradicionais. A construção de um muro de drones é uma resposta estratégica, mas que requer coordenação, financiamento e agilidade. A Europa, portanto, precisa de uma estratégia de longo prazo, aliada de inovação, para manter sua soberania e segurança aérea em tempos de guerra híbrida.
