A Opep+ anunciou, em reunião realizada no último domingo (7), um novo aumento na produção de petróleo a partir de outubro. O objetivo é claro: recuperar participação no mercado global diante de uma conjuntura de oferta e demanda em constante transformação.
O novo acordo de produção
O consenso entre os oito países membros estabeleceu um incremento de 137 mil barris por dia, a ser aplicado a partir de outubro. Embora o volume pareça modesto em comparação aos aumentos anteriores — que chegaram a 555 mil barris em setembro —, a decisão carrega um significado estratégico importante. Além disso, o grupo inicia a reversão de uma segunda rodada de cortes, originalmente planejada para ocorrer daqui a mais de um ano.
Desde abril, a Opep+ tem gradualmente revertido os cortes de produção, que haviam sido implementados para sustentar os preços durante a pandemia. Até agora, a primeira rodada de reduções — de 2,5 milhões de barris diários — já foi totalmente desfeita.
Mensagem política e econômica
Para especialistas, como o analista da Rystad Energy e ex-funcionário da Opep, Jorge Leon, o volume do aumento é secundário. “Os barris podem ser poucos, mas a mensagem é grande“, declarou. A Opep+ está mais preocupada em sinalizar sua intenção de manter relevância no mercado global do que em defender preços elevados a curto prazo.
Portanto, mesmo assumindo o risco de preços mais baixos, o grupo prioriza a manutenção de participação de mercado, especialmente frente à competição crescente de produtores independentes e à crescente pressão geopolítica.
Contexto geopolítico e desafios futuros
A decisão ocorre em um cenário internacional delicado. Por um lado, os Estados Unidos, liderados pelo então presidente Donald Trump, pressionaram o bloco para aumentar a produção e reduzir o preço da gasolina. Por outro, países como Índia enfrentam sanções indiretas — como a imposição de uma taxa de 50% — por negociarem petróleo russo.
No entanto, os esforços de expansão da Opep+ também refletem disputas internas. A Arábia Saudita, por exemplo, busca punir membros como o Cazaquistão por superarem cotas de produção. Enquanto isso, os Emirados Árabes Unidos investem pesadamente para ampliar sua capacidade produtiva e assumir posições mais dominantes no setor.
Perspectivas para os próximos meses
O próximo desafio para a Opep+ será lidar com uma possível desaceleração da demanda global no quarto trimestre. A entidade reconhece que pode acelerar, suspender ou reverter os aumentos em reuniões futuras. A próxima delas está marcada para 5 de outubro.
Apesar da expansão da oferta, os preços do petróleo permanecem estáveis — em torno de US$ 65 por barril — graças às sanções ocidentais contra Rússia e Irã, que mantêm a pressão sobre a oferta global.
Conclusão
Em resumo, o novo aumento de produção da Opep+ representa mais do que uma estratégia econômica: é uma jogada política para manter influência em um mercado cada vez mais competitivo. Diante de incertezas globais, a Opep+ continua a moldar o cenário energético internacional com decisões estratégicas e bem calculadas.
