Recentemente, a Comissão Europeia reafirmou sua posição de que não há evidências científicas que liguem o uso de paracetamol na gravidez ao aumento de diagnósticos de autismo. A declaração surge como resposta às alegações feitas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugeriu uma possível relação entre o medicamento e o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Declaração oficial da Comissão Europeia
De acordo com a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), não existem dados que sustentem a hipótese de uma ligação direta entre paracetamol na gravidez e autismo. A instituição, portanto, não vê necessidade de alterar as recomendações atuais da União Europeia sobre o uso do medicamento. Além disso, o paracetamol continua sendo considerado seguro, desde que utilizado conforme orientação médica.
Portanto, a orientação permanece: o medicamento pode ser usado por gestantes, especialmente por ser uma alternativa segura em comparação com outros analgésicos, como o ibuprofeno, que são contraindicados em várias fases da gestação.
Reações da comunidade médica
As declarações de Donald Trump geraram reações imediatas de instituições médicas de peso. A farmacêutica Kenvue, responsável pelo Tylenol — a versão comercial do paracetamol nos EUA —, destacou que “não há base científica” para a associação entre o medicamento e o autismo. Além disso, o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG) reiterou que estudos não mostram relação direta entre o uso prudente do medicamento e problemas de desenvolvimento fetal.
Portanto, as entidades médicas reforçam a importância de seguir orientações profissionais e de não se basear em alegações sem respaldo científico.
Paracetamol na gravidez: o que a ciência diz
Estudos menores já apontaram associações fracas entre o uso de paracetamol na gravidez e o risco de transtornos de desenvolvimento, como o autismo. No entanto, grandes pesquisas, como uma realizada na Suécia com mais de 2 milhões de crianças, não encontraram comprovação de causalidade. Segundo o professor de psiquiatria da USP, Guilherme Polanczyk, “correlação não é o mesmo que causalidade.”
Portanto, o uso de paracetamol na gravidez não deve ser motivo de alarme, desde que feito de forma responsável, com acompanhamento médico. Além disso, o paracetamol ainda é considerado o analgésico de primeira escolha para gestantes, segundo o Serviço Nacional de Saúde (NHS) do Reino Unido.
Autismo: diagnósticos crescem, mas por quê?
É importante destacar que o aumento no número de diagnósticos de autismo nas últimas décadas não significa um aumento real na incidência da condição. Pesquisas indicam que o crescimento está relacionado à ampliação dos critérios diagnósticos, além de maior conscientização e oferta de serviços de saúde. Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA, a taxa de diagnóstico de autismo passou de 1 em cada 150 crianças em 2000 para 1 em cada 36 em 2020.
Portanto, a percepção de aumento pode ser mais um reflexo da melhoria no reconhecimento da condição do que um indicador de risco ambiental ou medicamentoso. No entanto, a automedicação ainda é um risco real, especialmente durante a gestação, e deve sempre ser evitada.
Conclusão
Em conclusão, a Comissão Europeia reforça que o uso de paracetamol na gravidez não está associado ao desenvolvimento de autismo. As recomendações atuais, portanto, permanecem inalteradas, e o medicamento continua sendo a opção mais segura para o alívio de dores e febre em gestantes. No entanto, a automedicação deve ser evitada, e qualquer uso de medicamentos durante a gestação deve ser orientado por um profissional de saúde.
Recomendações finais:
- Evite automedicação durante a gravidez
- Procure sempre orientação médica
- Use paracetamol apenas quando indicado
- Fique atento às doses recomendadas
- Informe seu médico sobre todos os medicamentos utilizados
Em resumo, a ciência e as instituições de saúde garantem: paracetamol na gravidez é seguro quando usado de forma correta e sob supervisão médica. Não há motivos para alarme, apenas para informação consciente e uso responsável.
