Peregrinação LGBTQIA+ no Vaticano marca avanço na inclusão católica

A peregrinação LGBTQIA+ no Vaticano durante o Ano Santo marca um avanço simbólico na inclusão da comunidade dentro da Igreja Católica.

Milhares de fiéis católicos LGBTQIA+ e suas famílias participaram, no último sábado (6), de uma peregrinação LGBTQIA+ no Vaticano como parte das celebrações do Ano Santo. O evento, inédito em sua magnitude, foi oficialmente incluído no calendário do Jubileu, um marco importante para a visibilidade e aceitação desses fiéis dentro da Igreja Católica.

Um momento histórico na Igreja de Jesus

A celebração ocorreu na Igreja de Jesus (Chiesa del Gesu), em Roma, e contou com uma missa conduzida pelo bispo dom Francesesco Savino, vice-presidente da Conferência Episcopal Italiana. Durante a homilia, Savino destacou o verdadeiro significado do Jubileu: um tempo de libertação e esperança.



“É hora de restaurar a dignidade de todos, especialmente daqueles que foram privados dela”, afirmou o bispo, sendo aplaudido de pé pelos presentes. A peregrinação LGBTQIA+ no Vaticano foi organizada pela associação italiana Jonathan’s Tent e contou com o apoio de grupos internacionais como DignityUSA e Outreach.

Inclusão com ressalvas

Embora o evento tenha sido listado oficialmente no calendário do Jubileu, o Vaticano esclareceu que isso não significa endosso doutrinário. Marianne Duddy Burke, da DignityUSA, ressaltou a evolução em relação ao Jubileu de 2000, quando peregrinos LGBTQIA+ enfrentavam hostilidade.

“Agora, sermos convidados a atravessar a Porta Santa da Basílica de São Pedro é motivo de celebração”, declarou. Portanto, o convite para essa peregrinação LGBTQIA+ no Vaticano representa um avanço simbólico, ainda que ambíguo.



O legado do Papa Francisco

Muitos participantes atribuíram esse ambiente de acolhimento ao Papa Francisco, cujo papado se destaca por gestos de proximidade desde 2013. Frases como “Quem sou eu para julgar?” e a autorização de bênçãos para casais homoafetivos influenciaram diretamente o retorno de muitos fiéis à Igreja.

Apesar de manter a doutrina tradicional que considera os atos homossexuais “desordenados”, Francisco tem promovido diálogos com comunidades LGBTQIA+. John Capozzi, norte-americano, revelou que retornou à fé após décadas de afastamento.

“Eu era um católico enrustido. Com Francisco, pude dizer: sou católico, tenho orgulho disso”, afirmou. Além disso, seu companheiro, Justin Del Rosario, destacou que a eleição do Papa Leão XIV reforçou essa continuidade.

Papa Leão XIV e o novo horizonte

As declarações passadas de Leão XIV sobre o “estilo de vida homossexual” geravam dúvidas sobre sua postura. No entanto, como cardeal, ele reconheceu o chamado de Francisco por uma Igreja mais acolhedora. Recentemente, recebeu o padre jesuíta James Martin, defensor da inclusão.

Martin relatou: “Ouvi de Leão a mesma mensagem que ouvi de Francisco: o desejo de acolher a todos, inclusive os LGBTQIA+.” Em conclusão, o novo papado demonstra intenções de manter esse caminho, ainda que com cautela.

Testemunhos de superação e fé

Na véspera da missa, ocorreu uma vigília com depoimentos de casais homoafetivos, familiares e religiosos. O padre italiano Fausto Focosi emocionou ao dizer:

“Nossos olhos conheceram as lágrimas da rejeição e da vergonha. Hoje, porém, brotam lágrimas novas, lágrimas de esperança.” Portanto, a peregrinação LGBTQIA+ no Vaticano não foi apenas um evento religioso, mas também um marco de cura e pertencimento.

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