O plano de paz de Trump para Gaza, anunciado em 29 de setembro de 2025, promete encerrar um dos conflitos mais destrutivos do século XXI. Embora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha elogiado o plano de 20 pontos como “um dos maiores dias da história da civilização”, a realidade política e militar no terreno apresenta desafios substanciais à concretização dessa proposta.
Detalhes do plano de paz
O plano foi apresentado ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que declarou aceitar os princípios da iniciativa. No entanto, a aceitação inicial não significa que a guerra terminará imediatamente. O documento prevê o fim dos combates, a retirada limitada das forças israelenses, a libertação de reféns pelo Hamas, a soltura de prisioneiros palestinos e a reurbanização de Gaza.
Além disso, a criação de uma administração temporária em Gaza, a desmilitarização da região, e a formação de uma Força Internacional de Estabilização (ISF) sinalizam a intenção de estabelecer uma governança de transição sob supervisão internacional.
Principais pontos do plano de 20 pontos
- Desarmamento completo de grupos armados em Gaza, incluindo Hamas;
- Retirada de forças israelenses de áreas de Gaza, com exceção de um perímetro de segurança;
- Libertação de todos os reféns, vivos ou mortos, dentro de 72 horas;
- Reurbanização de Gaza, com ajuda humanitária internacional;
- Formação de uma administração local e apolítica para a gestão de serviços públicos;
- Supervisão do processo de transição pelo “Conselho da Paz”, liderado por Trump e com participação de Tony Blair.
Reações e obstáculos políticos
Apesar de Netanyahu ter endossado os princípios do plano de paz de Trump para Gaza, o apoio de sua base política de extrema direita é frágil. Líderes de sua coalizão já rejeitaram aspectos importantes, como a eventual criação de um Estado palestino, mesmo que vaga no documento. Portanto, a implementação real depende de apoios adicionais dentro do governo israelense.
Por outro lado, o Hamas ainda não emitiu uma resposta clara. Alguns dirigentes do grupo afirmaram que não aceitarão qualquer acordo que não resulte na retirada total de Israel de Gaza. Esse cenário de negociações ambíguas pode levar a atrasos ou a um novo ciclo de confrontos.
Pressão internacional e papel dos mediadores
Os Estados Unidos buscam a retomada da mediação internacional, com apoio de países como Egito, Catar e França. A inclusão de Tony Blair no “Conselho da Paz” reforça a legitimidade internacional da iniciativa. No entanto, a falta de detalhes sobre governança pós-guerra e o compromisso com a autodeterminação palestina mantém a proposta distante de um consenso global.
Trump deixou claro a Netanyahu que, caso o Hamas rejeite a proposta, os EUA oferecerão apoio total a Israel. Essa declaração reforça a tendência de alinhamento dos EUA a Israel, mesmo sob uma proposta de paz.
Desafios para concretizar a paz
O plano de Trump é ambicioso, mas sua concretização enfrenta diversos desafios. Em primeiro lugar, a ausência de compromisso claro com a criação de um Estado palestino fragiliza a proposta. Além disso, a cláusula de “perímetro de segurança” deixa espaço para interpretações conflitantes entre Israel e outros atores internacionais.
Por fim, o plano de paz de Trump para Gaza depende de um delicado equilíbrio de forças políticas, a cooperação de todos os lados envolvidos, e de um compromisso real de longo prazo. Enquanto isso, a população de Gaza continua sofrendo com a destruição de dois anos de guerra, agravada por uma crise humanitária de grande escala.
Conclusão
Embora o plano de Trump ofereça uma estrutura de negociação, a paz em Gaza ainda é uma promessa distante. O plano de paz de Trump para Gaza pode ser o primeiro passo de uma solução duradoura, mas apenas se todas as partes envolvidas estiverem dispostas a sacrificar interesses imediatos em nome de um futuro mais estável e justo. Até lá, a região permanece em um estado de incerteza e destruição.
