Plano de Trump para Gaza: o que é, como funciona e reações internacionais

Entenda o plano de Trump para Gaza, suas condições, prazos e como diferentes países e grupos reagiram à proposta de paz para encerrar o conflito.

O plano de Trump para Gaza foi apresentado oficialmente nesta segunda-feira (29) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como uma proposta de paz para encerrar o conflito na Faixa de Gaza. A iniciativa, ao mesmo tempo, representa um ultimato ao grupo terrorista Hamas, mas também pode abrir espaço para o reconhecimento do Estado da Palestina. O governo israelense já declarou apoio ao plano.

Detalhes do plano de Trump para Gaza

Em essência, a proposta contém 20 pontos e estabelece a Faixa de Gaza como uma zona desmilitarizada, livre de grupos armados. Alguns membros do Hamas, desde que entreguem suas armas e se comprometam com a convivência pacífica, poderão receber anistia. Além disso, a administração de Gaza será temporariamente assumida por um comitê formado por palestinos tecnocratas e especialistas internacionais.



Esse comitê de transição, supervisionado pelo chamado “Conselho da Paz” — presidido pelo próprio Trump — será responsável por administrar os serviços públicos e gerir a reconstrução da região destruída pela guerra. O Hamas, bem como outras facções armadas, estarão impedidos de participar direta ou indiretamente desse novo governo.

Condições e prazos impostos

Segundo a Casa Branca, o Hamas teria 72 horas para libertar todos os reféns mantidos desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023. Na teoria, a contagem começou na tarde desta segunda-feira, após a aceitação pública de Israel. Contudo, uma fonte da Casa Branca afirmou que a contagem só se iniciaria caso o Hamas também aceitasse o acordo.

Por outro lado, a proposta prevê que Israel libere quase 2 mil prisioneiros palestinos e que a ONU e o Crescente Vermelho assumam a distribuição de ajuda humanitária na região. O plano de Trump para Gaza também prevê que a Força de Defesa de Israel se retire gradualmente de Gaza, cedendo espaço para a Força Internacional de Estabilização (ISF).



Reações de Israel e do Hamas

Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou apoio ao plano de Trump, salientando que a iniciativa garantiria a libertação dos reféns, desmantelaria o Hamas e eliminaria de vez a ameaça de Gaza. No entanto, Netanyahu mostrou resistência em relação à eventual criação de um Estado palestino, tema que já foi condenado por ele como uma “insanidade”. Portanto, a aceitação de alguns pontos do plano de Trump para Gaza representa uma mudança de posição significativa.

Por sua vez, o Hamas ainda não se manifestou oficialmente. Alguns membros do grupo afirmaram à imprensa que o documento ainda não havia sido entregue pelos EUA. Embora tenham prometido analisar a proposta, a resposta definitiva ainda não tem prazo.

Repercussão internacional

O plano de Trump para Gaza recebeu apoio positivo de importantes aliados da região. A Autoridade Palestina, a Arábia Saudita, a Jordânia, os Emirados Árabes Unidos, o Catar e o Egito, por meio de comunicado conjunto, declararam apoio e se mostraram dispostos a cooperar com os EUA para a implementação do acordo. Além disso, líderes europeus, como Emmanuel Macron, António Costa e Keir Starmer, manifestaram-se a favor do plano, exigindo que o Hamas entregue os reféns e ponha fim ao conflito.

Apesar disso, a Jihad Islâmica Palestina, aliada do Hamas, criticou a iniciativa, chamando-a de “receita para explodir a região”. Já os moradores de Gaza, entrevistados pela imprensa, demonstram ceticismo, acreditando que o plano possa ser uma estratégia para enganar o grupo terrorista.

Plano de Trump para Gaza: diferenças em relação a propostas anteriores

Comparado ao plano de janeiro, que previa um cessar-fogo em três etapas e a libertação escalonada dos reféns, o plano de Trump para Gaza é mais radical. Agora, todos os reféns devem ser libertados de uma só vez. Além disso, a governança de Gaza é detalhada de imediato, com a saída imediata do Hamas e a entrada de um comitê de transição, algo que o acordo anterior deixava para a fase final.

Conclusão

Portanto, o plano de Trump para Gaza busca não apenas encerrar a guerra, mas redesenhar a governança da região de maneira a garantir a paz de longo prazo. Embora tenha recebido apoio internacional, a proposta enfrenta desconfiança tanto de grupos armados quanto da população local. Com isso, o sucesso do plano dependerá de sua aceitação por todos os lados envolvidos, especialmente do Hamas, cuja resposta ainda é incerta.