O poderio militar da China está em constante expansão, e o desfile realizado em Pequim no dia 3 de setembro de 2025 confirmou isso. O evento, que marcou os 80 anos da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, apresentou ao mundo armas de última geração, incluindo mísseis nucleares intercontinentais, drones avançados e sistemas de defesa altamente sofisticados.
O que foi exibido no desfile militar?
Mais de 50 mil pessoas testemunharam a cerimônia na Praça da Paz Celestial. A China revelou pela primeira vez sua tríade nuclear completa, demonstrando capacidade de ataque por terra, mar e ar. Entre os equipamentos exibidos, destacam-se:
- JL-3: míssil submarino com alcance de 10.000 km.
- YJ-21: míssil hipersônico lançado pelo ar, considerado indetectável pelos sistemas antimísseis atuais.
- DF-5C: míssil balístico intercontinental com alcance de 20.000 km, capaz de atingir praticamente qualquer ponto do planeta.
- HQ-29: sistema antimísseis descrito como “caçador de satélites”.
Além disso, a China apresentou versões aprimoradas de mísseis conhecidos, como o DF-26D e os estratégicos CJ-1000 e CJ-20A. Drones avançados também fizeram parte do evento, embora sem identificação oficial.
Comparação com o arsenal dos EUA
Apesar das impressionantes exibições, especialistas questionam se todo o arsenal apresentado está operacional. O poderio militar da China ainda enfrenta limitações técnicas e práticas em relação aos Estados Unidos, que mantêm uma vantagem em número de ogivas nucleares — cerca de 5.000 contra aproximadamente 600 da China.
No entanto, os americanos também estão desenvolvendo novas tecnologias, como o míssil hipersônico HACM e o LGM-35A Sentinel. Portanto, embora a China esteja se aproximando tecnologicamente, ainda enfrenta desafios para igualar a capacidade integrada dos EUA.
Capacidade cibernética como diferencial
Além das armas convencionais, analistas destacam a crescente capacidade cibernética chinesa como uma ameaça silenciosa. Inspirada na doutrina de “vencer sem lutar”, a estratégia chinesa visa atacar redes de comunicação, energia e infraestrutura digital dos adversários, sem necessidade de confronto direto.
Análise de especialistas
Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM, afirma que o desfile teve mais valor simbólico do que militar. “Mostrar força é uma coisa, mas operar todo esse aparato de forma integrada é outra totalmente diferente”, ressalta.
Ele ainda destaca os expurgos recentes nas Forças Armadas chinesas como um sinal de instabilidade interna. “Essa falta de estabilidade pode comprometer o verdadeiro poder de combate do poderio militar da China”, avalia.
A mensagem para os EUA
Meia Nouwens, pesquisadora do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, afirma que o desfile teve como objetivo principal enviar uma mensagem clara aos Estados Unidos: “pensem duas vezes antes de se envolver em um conflito com a China, especialmente em apoio a Taiwan”.
Em conclusão, o poderio militar da China cresceu significativamente nos últimos anos. Contudo, sua eficácia real em combate ainda é questionada. O que não se pode negar é que Pequim está cada vez mais preparada para desafiar a ordem global, especialmente nos campos tecnológico e cibernético.