Na manhã de quarta-feira (10), a Polônia invoca Artigo 4 da Otan após a violação de seu espaço aéreo por drones russos. O governo polonês confirmou que forças militares interceptaram e abateram os equipamentos não tripulados, considerando o ataque como intencional.
O que é o Artigo 4 da Otan?
O Artigo 4 da Constituição da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) permite que um país membro consulte os demais sobre uma possível ameaça à sua integridade territorial, soberania ou segurança. A Polônia invoca Artigo 4 da Otan como forma de acionar uma reunião de emergência entre os aliados para discutir uma resposta conjunta.
Esta é a sétima vez que o artigo é acionado desde a fundação da aliança em 1949. A última ocorrência foi em 2022, quando mísseis russos atingiram território polonês durante a guerra na Ucrânia, matando duas pessoas. Na ocasião, a Otan não considerou o ataque como intencional e evitou uma resposta militar direta.
Resposta imediata da Otan
Após a Polônia invoca Artigo 4 da Otan, os Estados Unidos e outros aliados enviaram caças para patrulhar o espaço aéreo polonês. Além disso, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, condenou veementemente a ação russa, afirmando: “Putin, pare de violar o espaço aéreo dos aliados”.
Portanto, caso os países membros concluam que houve ataque deliberado, o próximo passo será a invocação do Artigo 5, que estabelece ato de agressão coletiva e permite resposta militar unificada.
Reações internacionais
Além da Polônia invoca Artigo 4 da Otan, líderes europeus também reagiram com firmeza. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou a violação como “sem precedentes” e afirmou que a União Europeia defenderá “cada centímetro quadrado” de seu território.
- O presidente da França, Emmanuel Macron, chamou o episódio de “inaceitável”;
- O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, qualificou o ataque como “extremamente inconsequente”;
- Kaja Kallas, chefe da diplomacia da UE, declarou que “a guerra da Rússia está escalando, não terminando”.
Declarações do governo polonês
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, afirmou que o país “nunca esteve tão perto de um conflito armado desde o fim da Segunda Guerra Mundial”. Ele destacou que a Polônia está pronta para reagir a quaisquer provocações e reforçou a necessidade de preparação para múltiplos cenários.
Por sua vez, o vice-ministro da Defesa polonês, Cezary Tomczyk, confirmou que todos os serviços do país estão em estado de alerta máximo e que sistemas de defesa antiaérea foram acionados.
Situação no terreno
Os drones russos foram abatidos no leste da Polônia, próximo à fronteira com a Ucrânia e Bielorrússia. Um dos destroços caiu na vila de Czosnowka. Autoridades recomendaram que a população permanecesse em casa. A Força Aérea polonesa informou que utilizou armas para neutralizar os aparelhos, embora não tenha divulgado detalhes sobre a operação.
Alguns aeroportos poloneses, incluindo o de Varsóvia, foram temporariamente fechados como medida de segurança. A Força Aérea ucraniana inicialmente relatou que os drones representavam ameaça à cidade de Zamosc, mas depois removeu o comunicado de suas redes sociais.
Posição da Rússia
A Rússia nega envolvimento direto no ataque. O encarregado de negócios russo na Polônia, Andrey Ordash, declarou à agência RIA Novosti que as acusações polonesas são “infundadas” e que não há provas concretas que liguem os drones ao governo russo.
Conclusão
Com a Polônia invoca Artigo 4 da Otan, o mundo assiste a um novo capítulo tenso nas relações entre Rússia e Ocidente. O episódio reforça a fragilidade da segurança europeia e a necessidade de coordenação entre os aliados da Otan. Enquanto as investigações seguem, os olhos do mundo estão voltados para Varsóvia, onde o equilíbrio entre resposta e contenção permanece delicado.