Um vídeo impactante mostra o momento em que o influenciador e empresário Gabriel Spalone é preso ao desembarcar na Argentina, no último sábado (27). A prisão de Gabriel Spalone ocorreu após a sua inclusão na Difusão Vermelha da Interpol, a pedido das autoridades brasileiras, devido à sua participação em um esquema de desvio de R$ 146 milhões via PIX.
Prisão internacional e atuação da Interpol
Spalone foi detido no Aeroporto Internacional de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, por volta das 22h. Naquele momento, policiais argentinos e um agente da Interpol o conduziram para fora do avião. Embora não estivesse algemado, a prisão de Gabriel Spalone foi imediata devido à ordem internacional de captura. A Difusão Vermelha, também conhecida como “lista vermelha”, é um mecanismo de alerta da Interpol para a captura de foragidos.
Além disso, a ordem de prisão, obtida pelo g1, indica que o esquema de fraudes ocorreu em fevereiro de 2025, quando empresas ligadas a Spalone desviaram R$ 146,5 milhões de um banco brasileiro. O banco conseguiu recuperar R$ 107,5 milhões, mas o prejuízo real foi de R$ 39 milhões. Segundo o documento, as investigações apontam que as contas beneficiadas eram movimentadas por Spalone e outros acusados.
Detenção anterior no Panamá
Antes da prisão na Argentina, Spalone foi detido no Panamá, mas liberado em menos de 24 horas. Na época, ele ainda não constava na lista da Interpol. Contudo, horas depois, o alerta vermelho foi emitido, justificando a detenção em território argentino. O delegado Paulo Barbosa, da Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de SP, afirmou que a inclusão na Difusão Vermelha foi resultado de uma ação conjunta entre a Polícia Civil e a Polícia Federal.
O adido da Polícia Federal na Argentina, André Vianna, destacou que sem a integração com a Interpol e os postos da PF no exterior, a prisão não teria sido possível. “Essa prisão mostra a importância da cooperação internacional”, declarou.
Operação Dubai e esquema de fraudes
Spalone é alvo da Operação Dubai, deflagrada pela Polícia Civil de São Paulo, que investiga um esquema de desvio de R$ 146 milhões via PIX em menos de 5 horas. Segundo as autoridades, as empresas de Spalone ofereciam serviços financeiros digitais sem autorização do Banco Central, como câmbio, criptomoedas e pagamentos.
O chamado PIX indireto, que permitia a movimentação de valores de forma ilegal, foi vetado pelo Banco Central em janeiro de 2025. Mesmo assim, as empresas de Spalone realizaram mais de 600 transferências fraudulentas de 10 contas de um único banco. Além dele, outros dois suspeitos, Guilherme Sateles Coelho e Jesse Mariano da Silva, foram presos, com desvios de quase R$ 75 milhões.
Defesa de Gabriel Spalone
O advogado de Spalone, Eduardo Maurício, afirma que a defesa já apresentou provas de inocência e que irá pedir a revogação da prisão preventiva no Brasil. Além disso, a defesa protocolará um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) e pedirá a exclusão de Spalone da lista da Interpol em Lyon (França). Também está em preparação uma denúncia na Corte Interamericana de Direitos Humanos.
“O objetivo é que o cliente responda ao processo em liberdade”, afirmou Maurício. Ele ainda declarou que a detenção no Panamá foi ilegal e abusiva.
Próximos passos
Após a audiência de custódia em Buenos Aires, Spalone será transferido para o Brasil para ser julgado. A prisão de Gabriel Spalone encerra uma fuga internacional que passou por Paraguai, Panamá, e quase chegou à Holanda, antes de ser interrompida pelas autoridades argentinas. Esse caso reforça a importância de uma cooperação global no combate a crimes cibernéticos e financeiros.
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