Protestos no Nepal: manifestantes destroem prédios governamentais e forçam renúncia do primeiro-ministro

Protestos no Nepal levam à destruição de prédios governamentais e à renúncia do primeiro-ministro. Entenda as causas e os desdobramentos da crise política.

Os protestos no Nepal tomaram proporções dramáticas na capital, Catmandu, nesta terça-feira, 9 de setembro de 2025. Manifestantes, revoltados contra o bloqueio de redes sociais imposto pelo governo, invadiram e atearam fogo em edifícios cruciais, incluindo o Parlamento, a Suprema Corte e residências de ministros. A situação culminou com a renúncia do primeiro-ministro K.P. Sharma Oli, cuja casa também foi destruída.

Causas dos protestos no Nepal

O estopim da crise foi a decisão do governo nepalês de bloquear plataformas como Facebook e Instagram. A medida, justificada como forma de combater abusos online e crimes cibernéticos, gerou indignação popular. O slogan “bloqueiem a corrupção, não as redes sociais” ecoou pelas ruas de Catmandu, mobilizando milhões de internautas em um país onde cerca de 90% da população está conectada.



Além disso, a população acusa o governo de Oli de não cumprir promessas de combate à corrupção. Portanto, a insatisfação se transformou em um movimento generalizado de revolta. Na segunda-feira, os confrontos já haviam deixado 19 mortos e mais de 100 feridos, segundo autoridades locais.

Violência e destruição em plena capital

Na terça-feira, os manifestantes intensificaram as ações. Eles invadiram o complexo do Parlamento e atearam fogo ao prédio principal, além de atacar a sede da Suprema Corte. Outro foco de destruição foi o bairro de Bhaisepati, onde casas de ministros foram incendiadas. Alguns membros do governo foram retirados por helicópteros militares por questão de segurança.

  • Manifestantes destroem edifícios simbólicos do poder;
  • Ações violentas incluem queima de ambulâncias e ataques a policiais;
  • Toque de recolher é imposto em áreas estratégicas da capital.

A polícia respondeu com força, utilizando gás lacrimogêneo, balas de borracha e canhões de água. No entanto, a repressão só aumentou a tensão, com mais feridos e uma crescente insatisfação da população jovem, que lidera os protestos.



Repercussão internacional e contexto político

Os protestos no Nepal ocorrem em um contexto global de regulação das redes sociais. Países como Brasil, Índia e China também têm debatido o equilíbrio entre segurança digital e liberdade de expressão. No entanto, muitos críticos afirmam que o Nepal adotou uma abordagem desproporcional, sufocando o debate público.

Por outro lado, o presidente Ram Chandra Paudel já iniciou o processo para escolher um novo primeiro-ministro. Sharma Oli, antes de deixar o cargo, determinou uma investigação sobre os abusos cometidos pela polícia durante os protestos.

Um país em crise

O Nepal já enfrentava instabilidade política desde a abolição da monarquia em 2008. A atual crise é considerada a pior em décadas, com protestos se espalhando para cidades como Biratnagar, Bharatpur e Pokhara. A situação econômica frágil e a corrupção endêmica agravam o cenário.

Portanto, o país do Himalaia caminha para um novo capítulo de sua história política. Os protestos no Nepal revelam uma sociedade cansada de promessas não cumpridas e exigem, cada vez mais, transparência e liberdade de expressão.