Protestos no Nepal: como a Geração Z derrubou o governo e incendiou a capital

Entenda os protestos no Nepal liderados pela Geração Z, que resultaram na queda do governo e na queima de prédios símbolos do poder.

Os protestos no Nepal de setembro de 2025 marcaram um ponto de virada na história política do país. Em apenas dois dias, a capital Katmandu foi tomada por uma onda de manifestações lideradas pela Geração Z, que exigiu mudanças drásticas diante da crescente desigualdade social, corrupção e repressão governamental.

O que levou aos protestos no Nepal?

A insatisfação popular não surgiu do nada. Protestos no Nepal foram alimentados por anos de instabilidade política e econômica. A população mais jovem, em particular, já enfrentava altas taxas de desemprego e pobreza. Segundo dados do Banco Mundial, os 10% mais ricos do Nepal ganham mais de três vezes o que os 40% mais pobres recebem.



Além disso, um em cada cinco nepaleses vive abaixo da linha da pobreza. A juventude, especialmente entre 15 e 24 anos, enfrenta uma taxa de desemprego de 22%. Portanto, o descontentamento era latente e pronto para explodir.

O gatilho: bloqueio das redes sociais

O estopim para a revolta foi o bloqueio das redes sociais imposto pelo governo. A medida, justificada como forma de combater fake news, foi vista como tentativa de silenciar os jovens que denunciavam a corrupção e a ostentação da elite política.

Esse bloqueio não apenas interrompeu a comunicação entre famílias, mas também impediu que os manifestantes se organizassem. No entanto, em vez de se calar, a juventude recorreu a plataformas alternativas, como Viber e TikTok, para coordenar os protestos no Nepal.



Geração Z: o coração da revolta

A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre 1995 e 2009, protagonizou os protestos no Nepal. Essa faixa etária, conectada e politicamente ativa, organizou campanhas online para expor a hipocrisia dos políticos. Usuários compartilhavam fotos de filhos de líderes vivendo em luxo, enquanto jovens pobres deixavam o país em busca de oportunidades no exterior.

Além disso, escândalos de corrupção e a impunidade generalizada alimentaram ainda mais a indignação. Líderes como Gaurav Nepune afirmam que a revolta foi preparada por meses nas redes sociais.

Consequências dos protestos no Nepal

  • Incêndio de prédios governamentais, incluindo sede do Parlamento e Suprema Corte;
  • Residências de ex-primeiros-ministros atacadas e queimadas;
  • Fechamento temporário do aeroporto internacional de Katmandu;
  • Pelo menos 19 mortos em confrontos com a polícia;
  • Renúncia do primeiro-ministro Khadga Prasad Oli.

Mesmo após a renúncia do primeiro-ministro, a violência continuou. Manifestantes ignoraram o toque de recolher e mantiveram os protestos durante a noite. Casas de autoridades foram atacadas e dois aeroportos danificados, incluindo áreas do Hilton e Varnabas.

Quem assume agora?

Com a saída de Oli, um dos nomes mais populares entre os manifestantes é Balendra Shah, ex-rapper e prefeito de Katmandu. Ele chamou o governo de “terrorista” após a morte de jovens durante os protestos. Shah usou suas redes sociais para pedir calma à população, mas alertou: “Agora a sua geração terá que liderar o país.”

Conclusão

Os protestos no Nepal representam mais do que uma crise política; eles mostram o poder da juventude digital. A Geração Z, armada com tecnologia e frustrada com a falta de oportunidades, conseguiu derrubar um governo. No entanto, o desafio agora será transformar essa energia em governança efetiva e justa.