Os protestos no Nepal tomaram proporções alarmantes nesta terça-feira (9), com manifestantes atacando prédios governamentais, invadindo o Parlamento e ateando fogo em residências de autoridades. A situação política e social do país está em colapso após uma onda de indignação popular contra o bloqueio de redes sociais e denúncias de corrupção.
Violência atinge até familiares de líderes políticos
Um dos episódios mais chocantes ocorreu com o ex-primeiro-ministro Jhala Nath Khanal, cuja casa foi incendiada por manifestantes enquanto sua esposa, Ravi Laxmi Chitrakar, estava dentro do imóvel. Segundo informações do jornal The New York Times, ela sofreu queimaduras graves e foi encaminhada ao hospital militar para tratamento. Jagannath Khatiwada, líder do partido de Khanal, confirmou o ocorrido e destacou a gravidade da situação.
Causas dos protestos no Nepal
Os protestos no Nepal começaram na segunda-feira (8), quando a população saiu às ruas em Katmandu para manifestar contra o bloqueio de plataformas como Facebook e Instagram. O governo justificou a medida como uma forma de combater a disseminação de notícias falsas e discursos de ódio, mas a população reagiu com fúria. O lema dos manifestantes ecoou por toda a capital: “Bloqueiem a corrupção, não as redes sociais”.
Além disso, a insatisfação popular se intensificou com as acusações de corrupção contra o governo. A polícia respondeu com violência, resultando em ao menos 19 mortos e mais de 100 feridos, segundo a TV estatal nepalesa.
Renúncia do primeiro-ministro e continuidade da crise
Pressionado pela pressão popular, o primeiro-ministro KP Sharma Oli renunciou ao cargo na terça-feira (9), afirmando que o gesto visava abrir caminho para uma solução política. No entanto, a medida não foi suficiente para conter a revolta. Manifestantes invadiram e atearam fogo no complexo do Parlamento, além de atacar edifícios administrativos e hotéis na capital.
- Aeropostos danificados;
- Hotéis como Hilton e Varnabas alvos de ataques;
- Civis portando armas de fogo nas ruas;
- Ambulâncias e viaturas de segurança atacadas.
Resposta do governo e medidas emergenciais
Diante do caos, o Exército do Nepal assumiu o controle da lei e da ordem a partir das 22h do horário local. O Ministério da Saúde convocou a população para doar sangue, enquanto autoridades pediram o fim dos saques e atos de vandalismo. Um toque de recolher foi imposto em áreas estratégicas, incluindo o gabinete do primeiro-ministro e a residência do presidente.
Cenário político e futuro incerto
O presidente Ram Chandra Paudel aceitou a renúncia de Oli e já iniciou o processo para escolher um novo líder de governo. Ainda assim, o Nepal enfrenta sua pior crise política desde o fim da monarquia em 2008. A combinação de instabilidade política, econômica e social coloca o país em estado de alerta máximo.
Os protestos no Nepal revelam uma profunda insatisfação da população com a forma como o governo tem conduzido os assuntos públicos. A repressão violenta e o corte do acesso à informação digital apenas agravaram a situação, levando o país ao caos.