Rebeldes Houthis invadem escritórios da ONU no Iêmen e intensificam repressão internacional

Os rebeldes houthis invadiram escritórios da ONU em Sanaa, detiveram funcionários e intensificaram a repressão internacional após ataques israelenses no Iêmen.

Os rebeldes houthis invadiram escritórios da ONU em Sanaa no domingo (31), detendo pelo menos 11 funcionários das agências ligadas à alimentação, saúde e infância. A ação ocorre em meio a crescentes tensões após um ataque israelense que matou o primeiro-ministro e outros líderes do grupo.

A invasão e a repressão aos órgãos internacionais

A invasão dos escritórios das agências da ONU em Sanaa foi confirmada por autoridades locais e representantes das próprias organizações. A Associated Press apurou que forças de segurança filiadas aos rebeldes houthis entraram nos prédios das agências, incluindo o Programa Mundial de Alimentos (PMA), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o UNICEF.



Além disso, funcionários da ONU relataram que foram interrogados no estacionamento dos prédios. A porta-voz do PMA, Abeer Etefa, e o porta-voz do UNICEF, Ammar Ammar, confirmaram que estão realizando uma contagem completa dos funcionários afetados. Portanto, os órgãos ainda não têm números exatos sobre o total de detidos.

Reação da comunidade internacional

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou as invasões em comunicado oficial. Ele exigiu a libertação imediata e incondicional dos funcionários detidos. Além disso, Guterres criticou a entrada forçada nas instalações da ONU e a apreensão de bens pertencentes à organização.

Essa não é a primeira vez que os rebeldes houthis reprimem instituições internacionais. Desde janeiro, o grupo já deteve dezenas de funcionários da ONU, além de membros da sociedade civil e de antigos representantes diplomáticos. Em resposta a uma das prisões, a ONU suspendeu temporariamente suas operações em Saada, principal base dos rebeldes no norte do Iêmen.



Ataques israelenses e escalada do conflito

As invasões ocorrem apenas dias após um ataque israelense em Sanaa matou o primeiro-ministro Ahmed al-Rahawi e diversos outros ministros do governo houthi. O ataque também vitimou o ministro das Relações Exteriores, o vice-primeiro-ministro e outros altos cargos do regime rebelde.

Os rebeldes houthis atribuíram o ataque a Israel, reforçando medidas de segurança na capital. O grupo, apoiado pelo Irã, intensificou sua retaliação com ataques contra embarcações no Mar Vermelho e lançamentos de mísseis contra território israelense. Em 21 de agosto, um míssil disparado pelos rebeldes atingiu a região do Aeroporto Ben Gurion, acionando sirenes em várias cidades israelenses.

Declarações do líder houthi

Em discurso televisivo no domingo, o líder do grupo, Abdul-Malik al-Houthi, afirmou que a estratégia militar contra Israel é “contínua, firme e em escalada”. Ele prometeu novos ataques a navios mercantes que comerciem com portos israelenses, independentemente da nacionalidade das embarcações.

Portanto, o confronto direto entre os rebeldes houthis e potências internacionais deve continuar a impactar a estabilidade regional e global. O enviado especial da ONU para o Iêmen, Hans Grundberg, alertou que o país não pode se transformar em um campo de batalha de conflitos geopolíticos mais amplos.

  • 11 funcionários da ONU detidos em Sanaa pelos rebeldes houthis
  • Ataques israelenses resultaram na morte do primeiro-ministro e de ministros do governo houthi
  • Escritórios da OMS, UNICEF e PMA foram alvos da repressão
  • Declarações de al-Houthi indicam intensificação dos ataques a Israel