Reconhecimento do Estado Palestino: Macron assume posição e gera reações internacionais

Reconhecimento do Estado Palestino por parte de Macron e outros líderes ocidentais marca mudança na diplomacia internacional. Entenda as implicações e reações.

Na manhã de 22 de setembro de 2025, o presidente francês Emmanuel Macron anunciou, durante seu discurso na Assembleia Geral da ONU, o reconhecimento do Estado Palestino por parte da França. A medida marca uma mudança significativa na diplomacia europeia, que até então era liderada por países menores em apoio à Palestina.

Posicionamento de Macron: uma “responsabilidade histórica”

Em sua fala, Macron destacou que a decisão visa preservar a possibilidade de implementação da solução de dois Estados, onde Israel e Palestina possam viver lado a lado em paz e segurança. “Recai sobre nós uma responsabilidade histórica”, declarou o presidente francês, reforçando a necessidade de retomar o diálogo internacional sobre o conflito israelo-palestino.



Além disso, a França, que abriga as maiores comunidades judaica e muçulmana da Europa, busca equilibrar a pressão interna e externa. Portanto, a medida de reconhecer o Estado Palestino reflete a crescente pressão de movimentos sociais, instituições religiosas e aliados internacionais, incluindo a Arábia Saudita, a fim de desencadear ações diplomáticas em favor de uma resolução de longo prazo.

Reações de Netanyahu e seu filho Yair

Contudo, o anúncio de Macron não passou despercebido em Israel. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu condenou publicamente a decisão, classificando-a como um ato que “recompensa o terror e corre o risco de criar mais um representante do Irã”. Em resposta, seu filho, Yair Netanyahu, conhecido por suas postagens polêmicas nas redes sociais, ironizou o movimento de Macron, declarando o reconhecimento fictício de diversos territórios franceses.

Yair declarou: “Declaro hoje que reconheço o Estado da Córsega, o Estado da Nova Caledônia, o Estado da Polinésia Francesa, o Estado do País Basco, o Estado da Guiana Francesa, o Estado de Mayotte, o Estado de Reunião e o Estado da Bretanha!” Esses territórios, embora administrados pela França, têm status variado de autonomia, identidade cultural ou histórico de movimentos separatistas, o que deixa evidente o tom de provocação de sua declaração.



Ademais, o jovem Netanyahu chamou Macron de “idiota incrivelmente útil”, sugerindo que o presidente francês teria sido manipulado por forças que desejam prejudicar Israel. A declaração de Yair, embora irreverente, reflete o clima de polarização em torno da política externa de Israel, especialmente em tempos de conflito na Faixa de Gaza e expansão de assentamentos na Cisjordânia.

Expansão do reconhecimento internacional

Apesar das críticas de autoridades israelenses, o reconhecimento do Estado Palestino por parte da França se soma a uma onda de decisões de outros países de peso. No domingo (21), o Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal também oficializaram o reconhecimento. A Palestina, por sua vez, inaugurou sua embaixada em Londres, demonstrando a crescente legitimidade de sua causa no cenário global.

Antes dessa série de reconhecimentos, a maioria dos países que apoiavam a Palestina eram nações de menor influência geopolítica, como Suécia, Islândia, Chipre, entre outros. Em 2024, a Espanha, Irlanda, Noruega e Eslovênia romperam a paralisia de uma década de inércia europeia, e agora, com a entrada de potências como França e Reino Unido, a pressão sobre outros Estados europeus tende a aumentar.

Países que ainda não reconhecem o Estado Palestino

Na Europa, a Alemanha, Itália, Áustria, e países do Báltico ainda evitam reconhecer oficialmente o Estado Palestino. Nas Américas, os EUA e o Panamá permanecem entre os poucos que ainda não o fazem. Ainda assim, cerca de 80% dos 193 Estados-membros da ONU já reconhecem o Estado Palestino, o que representa uma maioria significativa.

Essas mudanças ocorrem em um momento de intensa escalada de violência na Faixa de Gaza, ações de resistência palestina e expansão de assentamentos israelenses na Cisjordânia, agravando a situação humanitária e política da região. Diante disso, a comunidade internacional vê o reconhecimento do Estado Palestino como uma ferramenta de pressão política e de incentivo à negociação de paz.

Portanto, a decisão de Macron e outros líderes ocidentais não apenas reafirma a necessidade de uma solução de dois Estados, mas também simboliza a mudança de paradigma no apoio internacional a Israel, especialmente após os eventos de 2023 e o início da guerra na Faixa de Gaza. Em conclusão, a diplomacia global caminha para um novo capítulo de engajamento com a Palestina, mesmo diante de resistências.

Veja também:

  • Por que o reconhecimento do Estado Palestino é importante?
  • Como a França justifica sua decisão de reconhecer a Palestina?
  • Quais são os próximos passos da Palestina após a abertura de embaixadas na Europa?