A nova primeira-ministra do Nepal, Sushila Karki, prometeu, em suas primeiras declarações oficiais, atender às reivindicações da juventude nepalesa, especialmente da Geração Z, em meio a uma crise política sem precedentes. Sua nomeação acontece após uma onda de protestos violentos que deixaram pelo menos 72 mortos e centenas feridos.
Nomeação histórica em meio ao caos
Sushila Karki, ex-presidente da Suprema Corte do Nepal, assumiu o cargo de primeira-ministra interina na sexta-feira (12), substituindo K.P. Sharma Oli, que renunciou diante da pressão popular. Além disso, ela se torna a única mulher a ocupar o cargo de presidente do Supremo Tribunal e agora a principal autoridade executiva do país.
Em seu primeiro pronunciamento, realizado no domingo (14), Karki declarou: “Devemos trabalhar de acordo com o pensamento da Geração Z. O que esse grupo exige é o fim da corrupção, boa governança e igualdade econômica.” A afirmação reforça o compromisso do novo governo em dialogar com os manifestantes que tomaram as ruas de Katmandu.
Violência e protestos sacodem o país
Os protestos eclodiram após o governo bloquear o acesso a grandes redes sociais como Facebook, Instagram, YouTube e X. Além disso, jovens acusaram o governo de corrupção generalizada, adotando o slogan: “Bloqueiem a corrupção, não as redes sociais.”
A escalada da violência foi brutal. Manifestantes atearam fogo à sede do governo, ao Parlamento e a residências de ministros. Segundo o secretário-chefe do governo, Eaknarayan Aryal, 72 pessoas morreram e 191 ficaram feridas em apenas dois dias de protestos — o pior episódio de violência desde o fim da guerra civil em 2008.
- Edifícios governamentais incendiados
- Hotéis e aeroportos danificados
- Invasão e vandalização de casas de autoridades
- Toque de recolher imposto em áreas estratégicas
Reações do governo e medidas emergenciais
Após a renúncia de K.P. Sharma Oli, o presidente Ram Chandra Paudel iniciou imediatamente o processo de escolha de uma nova liderança. No entanto, a renúncia não apaziguou os manifestantes, que invadiram e incendiaram o Parlamento. Diante do colapso da ordem pública, o Exército do Nepal assumiu temporariamente o controle da segurança.
O Ministério da Saúde lançou um apelo à população para doação de sangue, enquanto autoridades pediram o fim dos atos de vandalismo. Portanto, a situação permanece tensa, com fortes restrições impostas à população.
Perspectivas para o futuro
Sushila Karki afirmou que seu governo interino não permanecerá no poder por mais de seis meses, reafirmando que eleições estão previstas para março de 2026. Entretanto, sua capacidade de restaurar a ordem e atender às demandas da juventude será decisiva para a estabilidade do Nepal.
O país enfrenta uma profunda crise socioeconômica, com altas taxas de desemprego entre os jovens e uma diáspora significativa, com milhões trabalhando no exterior. Além disso, a insatisfação popular reflete um descontentamento generalizado com a corrupção e a má governança.
Em conclusão, a ascensão de Sushila Karki marca um momento crítico na história política do Nepal. O desafio agora é transformar a revolta popular em um novo ciclo de transparência, justiça e desenvolvimento.