Tarifas Trump e Inflação no Brasil: Uma Análise Estratégica
O cenário econômico brasileiro está diretamente ligado às recentes tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos, sobretudo na corrida eleitoral para 2026. Samuel Pessôa, economista do BTG Pactual e do FGV Ibre, argumenta que essas medidas podem, na verdade, contribuir para uma redução gradual da inflação no país, beneficiando o candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
O Efeito das Tarifas nas Exportações e Preços Domésticos
O aumento das tarifas americanas sobre produtos brasileiros como laranja, café e carne acarreta uma redução na demanda externa. Consequentemente, uma parcela maior desses bens permanece no mercado interno, contribuindo para uma desaceleração inflacionária. Samuel Pessôa explica que essa dinâmica é especialmente relevante para produtos como suco de laranja, onde o mercado americano é dominante, mas também atua para commodities como café e carne.
Impacto Eleitoral: O Cálculo do Lula
Do ponto de vista eleitoral, Lula teria um incentivo a não retaliar imediatamente contra as tarifas, pois isso pode resultar em uma ‘desinflaçãozinha’ a médio prazo. Pessôa afirma que o cálculo político do presidente brasileiro favorece manter a estabilidade econômica, mesmo com os desafios impostos pelo governo norte-americano.
Desafios Fiscais e Programas de Apoio
O economista defende a criação de um programa de apoio para os setores mais atingidos, utilizando mecanismos de crédito extraordinário, desde que este tenha limites claros para seu término. A preocupação é evitar que medidas excepcionais se tornem direitos adquiridos, repetindo erros históricos como o programa Perse.
Estratégia Internacional: Buscando Acordos
Pessôa sugere que o Brasil deve buscar acordos específicos com o setor privado americano, aproveitando a ilegalidade questionada das tarifas por especialistas. Além disso, recomenda uma postura mais moderada e estratégica nas negociações, focando em áreas onde há possibilidade de barganha.
O Contexto Global das Tarifas
Samuel Pessôa analisa que a teoria econômica indica que os Estados Unidos são os principais perdedores em uma guerra comercial, enquanto a China, por ser um大国, pode absorver maiores impactos. Essa perspectiva orienta a estratégia brasileira de adaptação interna à custo.
Projeções Econômicas para 2026
Apesar das turbulências externas, Pessôa mantém sua projeção de ‘pouso suave’ para a economia brasileira, com crescimento estimado em 2% para este ano e 1,5% no próximo. Essa desaceleração, no entanto, não é esperada como fator crítico para o desempenho eleitoral, desde que a inflação de alimentos continue cedendo.