O terremoto no Afeganistão de magnitude 6,0 que atingiu o leste do país na manhã de 1º de setembro de 2025 deixou um saldo devastador: mais de 800 mortos e mais de 2.800 feridos, segundo dados oficiais do governo afegão. A tragédia se agravou porque o Talibã, que retomou o poder em 2021, reduziu significativamente a ajuda internacional destinada a desastres naturais.
Impacto do terremoto e dificuldades no resgate
O epicentro do terremoto no Afeganistão ocorreu a cerca de 130 km da capital Cabul, com profundidade de apenas 8 km, o que intensificou os danos. Além do tremor principal, cinco réplicas — com magnitudes entre 4,3 e 5,2 — sacudiram a região nas horas seguintes. Vilarejos inteiros em áreas montanhosas e remotas, como a província de Kunar, foram destruídos. As casas de barro e pedra, típicas da região, desabaram, e os escombros encobriram centenas de vítimas.
Além disso, as buscas por sobreviventes enfrentam sérias dificuldades. As estradas que levam às áreas afetadas foram bloqueadas, e equipes de emergência recorreram ao uso de helicópteros para alcançar os locais mais isolados. Portanto, a falta de infraestrutura e equipamentos adequados compromete a eficácia das operações de resgate.
Apelos por ajuda internacional ignorados
O porta-voz do Ministério da Saúde afegão, Sharafat Zaman, divulgou um comunicado pedindo urgência na ajuda internacional. “Precisamos disso porque muitas pessoas perderam a vida e suas casas”, disse ele à Reuters. No entanto, a situação se agrava devido à redução drástica de recursos humanitários no país desde que o Talibã assumiu o poder.
Em 2022, o Afeganistão recebia cerca de US$ 3,8 bilhões em ajuda humanitária. Em 2025, esse valor caiu para US$ 767 milhões — uma redução de quase cinco vezes. Essa diminuição ocorreu após sanções internacionais foram impostas ao país, em resposta à volta do regime talibã, que restringiu direitos humanos e impôs uma interpretação rígida da lei islâmica.
Contexto de crise múltipla no Afeganistão
Segundo a ONU, o Afeganistão enfrenta uma combinação de crises: fome, seca severa e violações sistemáticas de direitos humanos. Portanto, a vulnerabilidade da população aumenta a cada desastre natural, como este terremoto no Afeganistão.
- Falta de infraestrutura para emergências
- Restrições impostas pelo governo talibã
- Redução de financiamento internacional
- Isolamento geográfico das áreas afetadas
Mesmo com a ajuda limitada de algumas agências da ONU, o governo afegão admite que o número de mortos e feridos ainda pode aumentar. “Todos os recursos disponíveis serão utilizados para salvar vidas”, declarou o regime em comunicado oficial.
Por que o Afeganistão é tão propenso a terremotos?
O país está localizado sobre uma das zonas mais ativas do planeta, onde as placas tectônicas da Índia e da Eurásia se encontram. Essa atividade geológica torna o Afeganistão especialmente vulnerável a terremotos de grande magnitude. No ano anterior, uma série de tremores no oeste do país já havia matado mais de mil pessoas.
Em conclusão, o terremoto no Afeganistão de 2025 revela não apenas a fragilidade geológica da região, mas também o colapso humanitário provocado pela ausência de apoio internacional e pela governança opressiva do Talibã. A tragédia é um lembrete urgente da necessidade de políticas de prevenção e resposta a desastres adaptadas às realidades locais.