O confronto entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a imprensa nacional tem marcado seu segundo mandato com intensidade. Trump contra a imprensa não é apenas um conflito de opiniões — é uma batalha jurídica, política e de narrativas que abala os pilares da liberdade de expressão.
A escalada do conflito
As tensões se intensificaram especialmente nos últimos meses. Um dos episódios mais recentes foi a suspensão do programa “Jimmy Kimmel Live!” pela ABC, em setembro de 2025. A decisão ocorreu após Kimmel sugerir que o acusado de assassinar o ativista conservador Charlie Kirk teria ligações com o movimento MAGA de Trump.
Brendan Carr, indicado por Trump à Comissão Federal de Comunicações (FCC), chamou os comentários de Kimmel de “doentios” e sugeriu que haveria base legal para responsabilizar o apresentador e a emissora. Além disso, Trump comemorou a medida, afirmando que Kimmel “já deveria ter sido demitido há muito tempo”.
Outros marcos do embate
No entanto, a retirada do “Jimmy Kimmel Live!” é apenas uma das várias ações tomadas por Trump contra veículos de comunicação. Confira os principais acontecimentos:
- Dezembro de 2024: A ABC News concorda em pagar US$ 15 milhões à biblioteca presidencial de Trump para resolver um processo de difamação envolvendo declarações imprecisas do âncora George Stephanopoulos sobre Trump e E. Jean Carroll.
- Fevereiro de 2025: Trump retira a Associated Press do grupo de imprensa da Casa Branca como retaliação à recusa da agência em adotar o termo “Golfo da América” em vez de “Golfo do México”.
- Maio de 2025: O presidente assina ordem executiva para cortar verbas públicas destinadas à NPR e à PBS, acusando-as de viés político.
- Julho de 2025: A Paramount Global paga US$ 16 milhões a Trump para resolver disputa sobre edição de entrevista com Kamala Harris no 60 Minutes.
- Julho de 2025: A CBS anuncia o fim do programa The Late Show With Stephen Colbert, que vinha sendo um dos principais alvos de críticas ao presidente.
- Setembro de 2025: Trump processa o Wall Street Journal em ação de US$ 10 bilhões após reportagem sobre supostas ligações dele com Jeffrey Epstein.
- Setembro de 2025: A Justiça dos EUA rejeita processo de Trump contra o New York Times, classificando-o como uma tentativa de usar o Judiciário como “megafone”.
O papel da justiça
Portanto, nem todos os processos movidos por Trump obtiveram sucesso judicial. O juiz Steven Merryday, responsável pela ação contra o New York Times, destacou que o documento era extenso e repleto de linguagem “tediosa e onerosa”, sem contribuir de fato para o esclarecimento dos fatos.
“Uma denúncia não é um megafone para assessoria de imprensa ou um pódio para um discurso apaixonado em um comício político”, escreveu o magistrado, reforçando a importância da independência judicial diante de pressões políticas.
Impactos para a democracia
Ao questionar constantemente a credibilidade da imprensa, Trump intensifica um dos debates mais importantes da atualidade: o limite entre crítica política e censura disfarçada. Além disso, ações como o corte de verbas públicas e a exclusão de veículos da cobertura oficial tendem a fragilizar a pluralidade de vozes no jornalismo.
Trump contra a imprensa é mais do que um confronto pessoal — é uma ameaça aos princípios democráticos. Em um país onde a Primeira Emenda garante liberdade de expressão, qualquer tentativa de intimidar ou silenciar jornalistas deve ser encarada com seriedade por todos os cidadãos.
