A Venezuela escalou sua postura militar ao iniciar uma série de exercícios em uma ilha do Caribe, em meio ao agravamento das relações com os Estados Unidos. O anúncio foi feito pelo ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, em um discurso transmitido pela TV estatal.
Exercícios militares na ilha La Orchila
A operação, batizada como Caribe Soberano 200, está sendo realizada na ilha La Orchila, localizada a 97 milhas náuticas da costa venezuelana. Além disso, a operação envolveu 12 navios de guerra, 22 aeronaves e 20 embarcações menores da Milícia Especial Naval. O objetivo declarado é elevar o preparo operacional frente à crescente ameaça percebida.
“Vamos implementar ações de guerra eletrônica e deslocar defesa aérea com drones armados, de vigilância e submarinos”, afirmou o ministro. A iniciativa ocorre horas após o presidente Donald Trump anunciar a destruição de uma terceira embarcação venezuelana por parte da frota norte-americana.
Resposta a uma “agressão” segundo Maduro
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, classificou a atitude dos EUA como uma “agressão” em múltiplas frentes: judicial, política, diplomática e militar. Em discurso acalorado, ele negou qualquer negociação com o governo americano e acusou os Estados Unidos de usar a luta contra o narcotráfico como pretexto para justificar uma escalada militar.
Maduro também convocou reservistas, milicianos e jovens para treinamentos militares em todo o país. Além disso, ele ordenou o envio de 25 mil soldados para áreas estratégicas fronteiriças e incentivou a população a se alistar na Milícia Bolivariana, um grupo civil armado.
Força militar da Venezuela: números e realidade
Segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), a Venezuela conta com cerca de 212 mil milicianos. No entanto, generais reformados consultados pela AFP estimam que apenas 30 mil estejam bem treinados e equipados. O restante é composto majoritariamente por aposentados, funcionários públicos e militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
- Militares regulares: aproximadamente 123 mil
- Milícia Bolivariana: cerca de 212 mil (estimativa oficial)
- Milicianos ativos e aptos: cerca de 30 mil (estimativa de especialistas)
Presença naval dos EUA e acusações de desinformação
Os Estados Unidos mantêm oito navios de guerra na região próxima à Venezuela. O secretário de Guerra, Pete Hegseth, fez uma visita surpresa a um dos navios na semana passada. Maduro acusou o governo americano de usar vídeos manipulados com inteligência artificial para justificar seus ataques e exigiu que Trump investigasse a origem das imagens divulgadas.
Portanto, os exercícios militares venezuelanos representam uma resposta direta a uma estratégia que o país considera hostil e injustificada. A situação permanece tensa, com forças de ambos os lados mobilizadas e à espera de novos desdobramentos.