Os Estados Unidos anunciaram oficialmente a revogação do visto do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, após sua participação em uma manifestação pró-Palestina em Nova York. O ato, que ocorreu em frente à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), colocou o líder colombiano em conflito direto com a administração de Donald Trump.
Manifestação e declaração de Petro
Durante o protesto, Petro fez um apelo ousado aos militares norte-americanos. “Desobedeçam às ordens de Trump. Obedeçam às ordens da humanidade”, declarou. Além disso, sugeriu a criação de uma força armada global com o objetivo de libertar os palestinos. “Essa força precisa ser maior do que a dos Estados Unidos”, disse o presidente colombiano.
Em resposta, o Departamento de Estado norte-americano publicou em seu X (antigo Twitter) a decisão de revogar o visto de Petro por considerar suas ações “imprudentes e incendiárias”. Até o momento, nem o governo colombiano, nem o Ministério das Relações Exteriores se manifestaram oficialmente sobre o caso.
Contexto político e tensões internacionais
Além dessa manifestação, Petro já havia criticado publicamente Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU. O presidente colombiano acusou o ex-presidente dos EUA de ser “cúmplice de genocídio” e defendeu a abertura de processos criminais contra os Estados Unidos por ataques a barcos suspeitos de tráfico de drogas no Caribe. Essa postura revela o crescente distanciamento de Petro em relação às políticas de Washington.
Por outro lado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também usou o evento para atacar países ocidentais que reconheceram o Estado palestino. “Isso passa a mensagem de que assassinar judeus compensa”, afirmou. O conflito em Gaza, que começou após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, já resultou em mais de 65 mil mortos, de acordo com autoridades de saúde locais.
Relações entre Colômbia e EUA
Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial da Colômbia e um aliado fundamental no combate ao narcotráfico. No entanto, as relações entre os dois países têm se tornado cada vez mais tensas desde o retorno de Trump à presidência norte-americana. Logo no início do novo mandato, Petro se recusou a receber voos de deportação de cidadãos colombianos, medida da política de imigração de Trump. Após pressões e ameaças de tarifas, o governo colombiano voltou atrás.
Recentemente, Trump incluiu a Colômbia em uma lista de países que, segundo ele, não cumprem acordos de combate às drogas. Essa decisão afeta diretamente a cooperação bilateral, e mostra como a política externa de Petro pode ter consequências concretas para o país.
Conflito de vistos na ONU
Curiosamente, o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, também teve seu visto negado pelos EUA. Abbas discursou por vídeo, alegando que a proibição viola um acordo de 1947, que obriga Washington a permitir o acesso de diplomatas à sede da ONU. Essa situação evidencia uma postura cada vez mais seletiva dos EUA em relação à entrada de líderes de países críticos a suas políticas.
Portanto, a revogação do visto de Petro não é apenas uma medida de caráter individual; ela reflete um momento de ruptura nas relações entre Colômbia e Estados Unidos, agravada pelas posições de Petro em defesa de causas internacionais e por sua crítica aberta ao governo Trump. Esse episódio deve ter impactos de longo prazo na diplomacia bilateral.
Resumo dos principais pontos:
- Os EUA revogaram o visto do presidente colombiano após manifestação pró-Palestina.
- Petro pediu que militares norte-americanos desobedecessem ordens de Trump.
- Críticas públicas de Petro durante a Assembleia Geral da ONU agravaram a tensão.
- Relações entre Colômbia e EUA estão fragilizadas devido a divergências políticas.
- Outros líderes, como Abbas, também tiveram vistos negados, indicando uma política de restrição estratégica dos EUA.
Em conclusão, o caso do visto revogado de Gustavo Petro é um exemplo de como a diplomacia internacional pode ser afetada por declarações públicas e posturas políticas divergentes. Os desdobramentos desse atrito entre Colômbia e EUA devem ser acompanhados de perto, dada a importância estratégica bilateral.
